O bastonário Miguel Guimarães desmentiu a notícia avançada pela SIC Notícias de que teria sido aberto um processo disciplinar a Fernando Nobre, presidente e fundador da AMI (Fundação de Assistência Médica Internacional). O bastonário da Ordem dos Médicos, contudo, enfatiza que o poder disciplinar não é da sua competência, mas sim dos conselhos disciplinares regionais. Em causa estão as declarações que Nobre fez este fim de semana numa manifestação de negacionistas em frente à Assembleia da República.

Em declarações à Rádio Observador, Miguel Guimarães foi claro: “O que verifiquei ontem foi se teria entrado alguma queixa contra o Dr. Fernando Nobre, dirigida ao Conselho Disciplinar. Não entrou. Portanto, não há nenhum processo no Conselho Disciplinar contra o Dr. Fernando Nobre”.

Em comunicado emitido ao início do dia, o bastonário da Ordem dos Médicos já o tinha afirmado. “Na sequência da notícia avançada ontem pela SIC no jornal das 20 horas, que afirma que a Ordem dos Médicos abriu um processo disciplinar ao Dr. Fernando Nobre, vimos esclarecer que tal informação é falsa, até porque não deu entrada no Gabinete do Bastonário qualquer queixa relacionada com as afirmações em causa”, lê-se no comunicado.

De resto, como é do conhecimento público e está inscrito no Estatuto da Ordem dos Médicos, o poder disciplinar está separado do poder executivo e é exercido pelos conselhos disciplinares. Assim, o bastonário não é órgão competente para a instauração de processos, competindo-lhe apenas encaminhar eventuais queixas que lhe sejam endereçadas para avaliação disciplinar.”

O Observador não conseguiu confirmar, até ao momento, se alguma queixa contra Fernando Nobre deu entrada no Conselho Disciplinar do Sul. Se tal sucedeu, certo é que ainda não foi aberto qualquer procedimento em relação a isso.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As declarações polémicas de Fernando Nobre e o tratamento que deu à sua família

O antigo candidato à Presidência da República não aceita a vacinação contra a Covid-19, diz que o resultado dos testes PCR são falsos positivos, recusa-se a usar máscara e defende o uso de medicamentos que não têm eficácia comprovada no tratamento da Covid-19.

“Garanto aqui que os meus filhos e a minha neta nunca serão injetados”, disse Fernando Nobre aos manifestantes que se concentraram este fim de semana em frente à Assembleia da República e que lhe deram uma ovação.

Ordem dos Médicos condena Médicos pela Verdade a penas de censura

A manifestação decorreu horas depois dos insultos a Ferro Rodrigues enquanto almoçava com a família, mas Fernando Nobre não esclareceu se também estava presente nesse momento. Aos manifestantes apresentou informação falsa declarando que 93 a 97% dos testes PCR são falsos positivos.

As mesmas ideias, que vão contra o conhecimento científico atual e a posição de médicos e especialistas, são defendidas pelos negacionistas e pelo agora extinto movimento dos Médicos pela Verdade. Os médicos deste movimento foram alvo de processo disciplinar pelas alegações feitas e chamaram Fernando Nobre como testemunha em sua defesa.

Fact Check. Testes PCR dão 80% de falsos positivos?

O médico descreveu aos manifestantes como se tratou a ele, à mulher e à filha quando estiveram doentes com Covid-19 e enumerou medicamentos como azitromicina, hidroxicloroquina e ivermectina. No entanto, estes medicamentos já foram rejeitados pela comunidade científica por se mostrarem ineficazes no tratamento ou prevenção da infeção com SARS-CoV-2.

Fact Check. Azitromicina e Ivermectina “matam” o SARS-CoV2?

Fernando Nobre afirmou que no passado fazia viagens internacionais todas as semanas, mas que deixou de andar de avião. “Não aceito andar num avião seis, oito, 10, 12 horas de máscara.” Ao pedido de esclarecimentos da SIC disse não poder responder por estar no estrangeiro, numa reunião enquanto perito humanitário.

Atualizado com esclarecimento da Ordem dos Médicos e declarações do bastonário