A antiga diretora da Biblioteca Nacional Maria Leonor Machado de Sousa, agraciada no início do ano com a Ordem do Império Britânico atribuída pela rainha Isabel II, morreu aos 88 anos, anunciou esta sexta-feira a Universidade Nova, onde era professora.

“É com grande pesar que tomamos conhecimento do falecimento da nossa querida professora Maria Leonor Machado de Sousa, professora catedrática jubilada da NOVA FCSH [Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Nova], recentemente agraciada com a Excelentíssima Ordem do Império Britânico (em inglês: MBE — Member of the Most Excellent Order of the British Empire), pela Rainha de Inglaterra, uma distinção raramente atribuída a cidadãos não britânicos, como tributo à sua prestigiada contribuição para as artes e ciências”, escreveu Carlos Ceia, professor catedrático daquela faculdade.

Em janeiro deste ano, Maria Leonor Machado de Sousa foi reconhecida com o grau honorário de Membro da Ordem do Império (MBE) em reconhecimento pela contribuição para os estudos e relações académicas entre o Reino Unido e Portugal. Na altura, o Ministério da Cultura destacou a “prestigiada contribuição para as artes e ciências” que Leonor Machado de Sousa teve.

Foi “uma inspiração para jovens e estudantes seniores e uma verdadeira embaixadora da literatura e cultura britânicas para a Academia Portuguesa e não só”, lê-se no comunicado publicado na página oficial da NOVA.

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Licenciada em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1954, Maria Leonor Machado de Sousa esteve na origem dos primeiros cursos de Estudos Ingleses, tanto de graduação como pós-graduação, abertos no final dos anos 1970 na Universidade Nova de Lisboa, tendo sido “a primeira mulher a exercer uma cátedra de Estudos Ingleses em Portugal”, o que ajudou “a criar novas oportunidades para outras mulheres iniciarem uma carreira nesta área disciplinar”, destaca a Nova.

Leonor Machado de Sousa foi também a primeira mulher a presidir à Biblioteca Nacional de Portugal, entre 1990 e 1996.

Foi igualmente um “ilustre membro” da Academia Portuguesa de História, onde trabalhou aspetos das relações anglo-portuguesas, nomeadamente a escrita de viagens e a Guerra Peninsular, e foi uma das promotoras da Revista de Estudos Anglo-Portugueses, sendo autora de várias obras de referência.

Lançou a English-Speaking Union in Portugal, tornando-se sua primeira Presidente, foi presidente da Associação Portuguesa de Estudos Anglo-Americanos (APEAA) e vice-presidente da Byron Society in Portugal, e a primeira vice-reitora da Universidade Aberta de Portugal.

Por fim, na Nova FCSH, fundou o centro de investigação em Estudos Anglo-Portugueses, de onde resultou o atual Centre for English, Translation, and Anglo-Portuguese Studies (CETAPS), unidade de investigação classificada com excelente.

“Charles Dickens em Portugal”, “A Guerra Peninsular, 200 Anos”, “Alcipe e a Sua Época”, “Um Ano de Diplomacia Luso-Americana: Francisco Solano Constâncio (1822-1823)”, “Mito e Criação Literária”, “D. Inês de Castro e D. Sebastião na Literatura Inglesa” são algumas das suas obras publicadas fora do meio académico.

Há um ano, em julho de 2020, chegou às livrarias uma nova edição de “Inês de Castro”, atualizada com novas investigações e recuperação de obras desconhecidas, sobre o tema.

O velório de Maria Leonor Machado de Sousa será hoje, a partir das 18h30, na capela da Basílica da Estrela, em Lisboa.

A missa terá lugar no sábado, às 16:00, na igreja da Basílica da Estrela, com saída do corpo pelas 17h para o Crematório de Cascais, onde chegará pelas 18h.