Uma escultora de 37 anos, um octogenário dono de uma estalagem e um burro juntaram-se para uma viagem até Santiago de Compostela. Parece o início de uma piada, mas não é.

O motivo? Realizar o percurso que leva os peregrinos até à cidade santa espanhola como os antigos viajantes o costumavam fazer. Sem carro, sem mota ou até mesmo sem bicicleta, é mesmo de carroça que os três amigos se deslocam até Santiago. Dois em cima dela e Óscar, o burro, a puxar aquele meio de transporte milenar.

Foi a artista plástica Irene García-Inés, de acordo com o New York Times, quem teve a ideia de realizar a viagem de um modo mais tradicional, e convidou o estalajadeiro Jesús Jato, que tinha conhecido quando era adolescente, para a acompanhar na viagem.

Não só o meio de locomoção remonta a tempos passados. A estadia nas estalagens onde os dois pernoitam ao longo do percurso é paga através de trocas de géneros alimentares, tendo Jesús Jato cultivado, antes do começo da aventura, legumes na sua horta para mais tarde serem a moeda de troca ao longo de Espanha.

O objetivo da viagem é, segundo a escultora, servir de crítica ao modo como as viagens até Santiago de Compostela são realizadas hoje em dia.

Os peregrinos, atualmente, fazem a viagem cheios de pressa e não falam com ninguém. Mas antigamente, as pessoas viajavam com mais calma. Tinham um espírito mais contemplativo”, explicou Irene García-Inés.

Não é a primeira vez que a artista plástica realiza uma tentativa de recuar no tempo como protesto à massificação turística. Há 10 anos, em Veneza, Irene e residentes locais da cidade reconstruiram um barco antigo e navegaram pelos canais, num empreendimento de génese semelhante ao que a escultora realiza agora.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR