A Pfizer diz que os efeitos do antivírico Paxlovid (nirmatrelvir e ritonavir) se mostraram promissores na prevenção da doença grave de Covid-19, mesmo contra a variante Ómicron, noticiou o jornal The New Times. Os resultados para a nova variante, no entanto, foram conseguidos apenas em laboratório.

Os 2.246 voluntários não vacinados contra o SARS-CoV-2 que participaram no estudo tinham um risco acrescido de ter doença severa. O medicamento mostrou ser 89% eficaz na prevenção da doença grave e morte se fosse administrado nos três primeiros dias após os primeiros sintomas. Um pouco menos (88%) se fosse passados cinco dias, revela o comunicado da empresa.

Pfizer: comprimido contra a Covid-19 reduziu o risco de hospitalização e morte em 89% nos doentes de alto risco

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Num outro ensaio, com pessoas vacinadas com fatores de risco para a doença grave e pessoas não vacinadas sem fatores de risco, os resultados preliminares da Pfizer mostram que a proteção de doença grave e internamento era 70%.

Dito de outra forma, entre os voluntários que tomaram o antiviral, 0,7% foram hospitalizados com Covid-19 no espaço de 28 dias, mas nenhum morreu. Já entre os que tomaram um placebo para comparação (um outro comprimido), 6,5% foram internados ou morreram com Covid-19 no mesmo período.

Durante o ensaios, os voluntários foram infetados com a variante Delta, dominante nos locais onde se encontravam. Os resultados anunciados sobre a Ómicron resultam de testes de laboratório que tiveram em conta o alvo do medicamento — uma protease importante para o funcionamento do vírus.

As proteases têm como função facilitar a produção de outras de proteínas (como a proteína spike, que o vírus usa para entrar nas células). Se o fármaco inibir ou interferir na atividade desta protease vai comprometer a replicação do vírus. As vantagens para este tipo de medicamentos são que: a) a protease se manteve praticamente inalterada entre variantes até ao momento; b) é diferente das proteases existente no organismo humano (logo, o medicamento não se engana no alvo).

O regulador americano (FDA) está a avaliar o medicamento. E, se for aprovado, poderá estar a ser distribuído no espaço de semanas. Estima-se que, a empresa possa fazer 24 mil milhões de dólares em receita no ano 2022.

Molnupiravir: os resultados preliminares não se mantiveram na análise global

O medicamento molnupiravir, da farmacêutica norte-americana Merck and Co., cuja subsidiária na Europa é a MSD – Merck Sharp & Dohme, foi o primeiro a apresentar o potencial para diminuir para metade risco de hospitalização e morte dos doentes com Covid-19, se tomado cinco depois do início dos sintomas.

MSD anuncia que comprimido antiviral reduz risco de morte com Covid-19 para metade

Os dados eram, no entanto, preliminares e a análise global fez cair a eficácia de 50 para 30%, segundo um comunicado de 26 de novembro. Com as esta revelação, o grupo de especialistas que aconselha o regulador americano (FDA) ficou menos inclinado para a aprovação e a agência ainda não se pronunciou. França, por sua vez, declinou o uso do medicamento.

O molnupiravir, de nome comercial Lagevrio, também não está aprovado na Europa, ainda que tenha recebido um parecer positivo (a 19 de novembro) da Agência Europeia do Medicamento (EMA) para ser usado em casos de emergência de adulto com Covid-19, que não precisem de oxigénio, mas que tenham risco de desenvolver doença grave, nos primeiros cinco dias depois do início dos sintomas.

Regulador europeu aprova uso de emergência de antiviral molnupiravir

Quatro dias depois, a EMA iniciou a avaliação de introdução no mercado europeu do medicamento que tem como modo de funcionamento introduzir modificações no ARN do vírus para que este deixe de ser funcional e deixe de se replicar.

Perante os novos dados e a redução de eficácia, a EMA mantém as mesmas orientações na autorização de uso de emergência (que cada país pode adotar ou não) e vai incluir os novos dados na avaliação de introdução no mercado.