Syarhei Tikhanovsky, marido da líder da oposição na Bielorrússia (e também ele ex-líder da oposição), foi condenado esta terça-feira a 18 anos de prisão por organização de distúrbios em massa através de protestos e incitação ao ódio social, segundo avança a Reuters.

Syarhei Tikhanovsky foi preso em maio de 2020, e encontrava-se na altura a preparar a corrida às eleições presidenciais em agosto do mesmo ano, contra o atual líder da Bielorrússia, Alexander Lukashenko. O opositor negou qualquer acusação, e o julgamento, segundo o The Guardian, decorreu à porta fechada, com os advogados impedidos de revelar qualquer detalhe relativo ao julgamento.

Depois da detenção, a sua mulher, Sviatlana Tikhanovskaya — atual líder da oposição – assumiu o seu lugar nas eleições, que culminaram em diversas manifestações depois da vitória de Lukashenko e a sua permanência no poder, com a oposição bielorrussa a acusar o líder de manipular os resultados.

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Vou continuar a defender a pessoa que amo, e que se tornou no líder de milhões de bielorrussos. Vou tentar fazer algo bastante difícil, talvez impossível, para atingir o momento em que poderemos vê-lo [Syarhei Tikhanovsky] numa nova Bielorrússia”, afirmou a sua mulher.

No dia seguinte às eleições, de acordo com a BBC, Sviatlana Tikhanovskaya teve de fugir com os filhos do casal para a Lituânia, com medo de sofrer represálias por parte do regime de Lukashenko. Desde então a líder da oposição tem procurado o apoio de vários líderes europeus.

Ao esconder os prisioneiros políticos em julgamentos à porta fechada, ele [Lukashenko] espera manter a repressão em silêncio. Mas o mundo está a ver. Nós não vamos parar”, escreveu Sviatlana Tikhanovskaya na rede social Twitter.

Em julho, outro candidato à presidência, Viktor Babariko tinha já sido condenado a 14 anos de prisão por corrupção, acusações negadas pelo banqueiro bielorrusso. No passado mês de setembro, Maria Kolesnikova, uma das responsáveis pelos protestos de 2020 contra o regime de Lukashenko, foi condenada a 11 anos de prisão.

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Outros cinco membros da oposição na Bielorrússia foram julgados juntamente com Syarhei Tikhanovsky, e vão agora cumprir penas entre os 14 e os 16 anos de prisão.