O regulador norte-americano do medicamento (FDA, Food and Drug Administration) aprovou esta semana dois antivirais contra o SARS-CoV-2 de farmacêuticas diferentes. O objetivo é que estes medicamentos de toma oral possam reduzir o risco de casos graves, internamentos e morte, mas o uso terá de ser vigiado pelos profissionais de saúde, alertou a NBC News.
Ainda assim, os antivirais de toma oral continuam a mostrar-se mais acessíveis e fáceis de usar do que os anticorpos monoclonais que têm de ser injetados no organismo — numa infusão intravascular, como se fosse um saco de soro.
Regulador norte-americano aprova o primeiro comprimido contra a Covid-19
O primeiro medicamento aprovado foi o Paxlovid, da farmacêutica Pfizer. Pode ser dado a doentes a partir dos 12 anos, que tenham risco de desenvolver doença grave, mas só pode ser comprado com receita médica e tem de começar a ser tomado nos primeiros cinco dias após o aparecimento dos sintomas.
Entre as condições que aumentam o risco de ter Covid-19 estão os problemas de coração e a diabetes, mas um dos componentes do antiviral pode interagir com os medicamentos usados por estes doentes, como estatinas ou anticoagulantes.
A FDA divulgou assim as contraindicações para o Paxlovid, os avisos e precauções, as reações adversas e a lista dos medicamentos com os quais o medicamento pode interagir. Como algumas das reações entre os medicamentos distintos podem ser graves, a toma destes medicamentos só deve ser feita sob a vigilância do médico assistente — que pode decidir reduzir ou interromper parte da medicação, ou considerar que cinco dias de interação entre os medicamentos não provocará uma situação grave.
O doente, por sua vez, deve avisar o médico sobre todos os medicamentos, chás, suplementos ou outros produtos que esteja a tomar — o hipericão, por exemplo, em infusão ou suplemento, pode interagir negativamente com o antiviral (assim como já acontece com outros medicamentos).
A comercialização do Paxlovid ainda não foi autorizada na Europa, mas com os dados de eficácia apresentados pela Pfizer, a Agência Europeia do Medicamento (EMA) admite que seja feito um uso de emergência em pessoas que não estão ventiladas, mas estejam em risco de desenvolver doença grave. O antiviral molnupiravir (nome comercial Lagevrio) teve o mesmo tipo de autorização e para o mesmo tipo de doentes.
O molnupiravir da farmacêutica norte-americana Merck and Co., cuja subsidiária na Europa é a MSD – Merck Sharp & Dohme, também conseguiu autorização da FDA, mas para um número mais restrito de doentes: só adultos e só quando outros tratamentos contra a Covid-19 aprovados pela FDA não estejam disponíveis ou não sejam adequados, destaca o STAT News.
Mais, o medicamento não é recomendado para grávidas e as mulheres e homens em idade de ter filhos devem usar contracetivos enquanto estão a fazer o tratamento com o molnupiravir e nos dias seguintes.
Os dois antivirais têm riscos associados diferentes, mas também mostraram uma eficácia muito distinta. O antiviral da Pfizer mostrou ser quase 90% eficaz na prevenção da doença grave e morte, enquanto o antiviral da MSD não ultrapassou os 30% — apesar dos dados preliminares apontarem para cerca de 50%.