Os restaurantes das regiões do Algarve, Lisboa e Porto deverão ter “quebras na ordem dos 50%” na noite de Passagem de Ano, adiantou esta terça-feira o presidente da PRO.VAR — Associação Nacional de Restaurantes, Daniel Serra.

Em declarações à agência Lusa, Daniel Serra afirmou que a situação do setor da restauração é “pouco segura” e que os empresários “não têm segurança se vão ter casa cheia“.

A situação não é boa. Aquilo que era esperado neste final de ano era que o mês de dezembro fosse muito bom, mas está a ser muito mau. Estes últimos dias têm sido bastante fracos pela confusão que existe em torno da obrigatoriedade de testes [de despiste à Covid-19]”, observou.

Segundo o presidente da PRO.VAR, “as quebras andarão na ordem os 50% no Algarve, Lisboa e Porto” na noite de Passagem de Ano, ainda que a possibilidade de realizar autotestes de despiste à Covid-19 tenha originado algumas remarcações de reservas.

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A partir do momento em que houve o alargamento da possibilidade de realizar autotestes voltaram a existir remarcações, mas tem havido muitos cancelamentos”, disse.

Daniel Serra notou também que, face ao período de contenção e aumento do número de novos casos, o setor da restauração está a registar “muitas perdas” e que a situação neste momento “não é muito fiável”.

Numa missiva enviada aos secretários de Estado do Turismo e do Comércio, a que a Lusa teve hoje acesso, a PRO.VAR solicita com “urgência” a criação de um “gabinete de crise interministerial onde sejam determinadas medidas de salvação do setor” para resolver vários problemas relacionados com os apoios que foram, segundo a associação, “insuficientes ou até inexistentes”.

A dotação de mais de mil milhões que ficou disponível por já não ser utilizada na TAP, será fundamental para a atribuição de apoios imediatos ao setor da restauração. Estamos certos que esta verba irá ser determinante para salvar a maioria das empresas e evitar despedimentos de trabalhadores”, observa a associação.

Defendendo que o setor precisa de ser “restabelecido”, a PRO.VAR afirma que para cobrir perdas superiores a 25% é necessária a “atribuição de fundos perdidos, encontrando uma espécie de APOIAR 2.0”, para apoiar as perdas de dezembro de 2021.

“Volvidos dois anos, seria catastrófico e muito censurável que o Governo não encontrasse a solução para resolver o problema financeiro destas empresas”, nota.

Na missiva, a PRO.VAR solicita uma nova reunião para que possa “apresentar algumas ideias concretas que podem servir de base às soluções que se exigem”.

Na passada terça-feira, a PRO.VAR apelou para que o Governo encontrasse uma “forma de apoiar substancialmente as empresas”, prevendo “perdas incalculáveis” face ao anúncio das novas medidas restritivas de combate à pandemia.

Na quarta-feira, o presidente da PRO.VAR anunciava que centenas de restaurantes encerrariam em protesto no Natal e na Passagem de Ano. O protesto viria a ser cancelado na quinta-feira depois do Governo anunciar que os autotestes podem ser utilizados para aceder aos estabelecimentos quando feitos no local sob supervisão.

O Governo aprovou um conjunto de medidas para controlar a pandemia de Covid-19, tendo em conta a ameaça da nova variante Ómicron, que pode ser responsável por cerca de 90% das infeções no final do ano.

Decididas num Conselho Ministros que decorreu em Lisboa, estas medidas surgem cerca de um mês depois de o Governo ter, em 25 de novembro, aprovado uma estratégia de prevenção e combate à pandemia, que o surgimento recente da Ómicron obrigou a atualizar.

Entre as medidas anunciadas estão a antecipação do período durante o qual o teletrabalho é obrigatório, determinando que este regime vigora a partir das 00h00 do dia 25 de dezembro, e o encerramento de creches e ateliês de tempos livres (ATL), que estava previsto para a “semana de contenção” entre 3 e 9 de janeiro.