O senador republicano Ted Cruz, apontado como potencial candidato à presidência norte-americana em 2024, pediu desculpa num programa televisivo por ter descrito recentemente a invasão do Capitólio como um violento ataque terrorista.

“A forma como expressei as coisas ontem [quarta-feira] foi desleixada e francamente idiota”, frisou o republicano durante o programa Tucker Carlson Tonight, da Fox News, um dos mais assistidos entre os canais televisivos por cabo.

Ted Cruz, representante do Texas, frisou que se tinha expressado mal, embora em declarações anteriores sempre tenha descrito o ataque ao Capitólio, que na quinta-feira assinalou o primeiro aniversário, como um ataque terrorista, segundo a agência AP.

Esta retificação de Cruz, perante a indignação da ala extrema-direita do Partido Republicano, demonstra o poder que esta cada vez mais detém sobre os principais políticos e apresentadores televisivos conservadores, como Carlson, que todas as noites garantem audiências de milhões.

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Cruz, que já foi considerado uma das vozes mais conservadoras do seu partido, tem assumido cada vez mais abertamente o seu interesse em concorrer para ser candidato às presidenciais dos Estados Unidos pelos republicanos.

No programa televisivo, o apresentador criticou as declarações de Ted Cruz, tal como outros já tinham feito.

“[As declarações] foram uma vergonha para Ted Cruz”, frisou a Congressista Marjorie Taylor Greene, da Geórgia, que é apoiante de Trump, tem disseminado várias teorias da conspiração sobre o partido democrata e foi recentemente suspensa do Facebook e Twitter.

Precisamente nas redes sociais, outro aliado do ex-presidente, Sebastian Gorka, atirou – “Estou farto de Ted Cruz“.

Ted Cruz, juntamente com outros líderes dos republicanos, tinha descrito os eventos ocorridos em 6 de janeiro de 2021 como “terrorismo”.

O ataque ao Capitólio foi um ato desprezível de terrorismo e um ataque chocante ao nosso sistema democrático“, tinha referido há um ano. Já em 28 de maio, considerou: “o ataque terrorista de 06 de janeiro ao Capitólio foi um momento sombrio na história de nossa nação, e eu apoio totalmente as investigações judiciais em curso sobre todos os envolvidos”.

Também o líder republicano do Senado, Mitch McConnell, tinha descrito em termos semelhantes o ataque dos apoiantes do Trump, que procuravam naquele dia impedir a legitimação da vitória eleitoral do democrata Joe Biden.

De resto, esta categorização não é surpreendente visto que o FBI define o terrorismo doméstico como “atos violentos e criminosos cometidos por indivíduos e/ou grupos com objetivos ideológicos adicionais originados de influências domésticas, como as de natureza política, religiosa, social, racial ou ambiental”.

Durante o programa televisivo, Carlson, que tem defendido a “teoria da substituição” racista, de que as elites estão a tentar substituir a maioria das populações brancas por imigrantes não-brancos, pressionou o senador do Texas a explicar porque usou a palavra “terrorismo”.

Cruz ressalvou que há muito que usa o termo para descrever qualquer pessoa que ataca a polícia, mas admitiu ter sido “um erro” usar a palavra na quarta-feira, porque a comunicação social e os democratas politizaram o termo.

Um ano depois do ataque ao Capitólio, sede do Congresso norte-americano, em Washington, que fez cinco vítimas mortais, as autoridades ainda procuram centenas de pessoas presumivelmente relacionadas com os acontecimentos, com o intuito de as responsabilizar criminalmente.

Cerca de 700 pessoas já foram alvo de acusações criminais e mais de 50 foram condenadas, mas, um ano depois do ataque ocorrido em 06 de janeiro de 2021, as autoridades ainda continuam na busca de muitos outros suspeitos pelos crimes associados à invasão da sede do poder legislativo norte-americano.

Para os agentes do FBI responsáveis por estes casos, o trabalho está longe de terminar: agentes de investigação têm examinado exaustivamente milhares de horas de vídeovigilância, segundo a segundo, para tentar obter imagens nítidas de pessoas que atacaram agentes de segurança dentro do Capitólio.