Ainda nem cinco minutos tinham passado desde que Francisco Rodrigues dos Santos chegara ao mercado do Bolhão (ainda provisório), no Porto, e já lhe estavam a pedir que não se juntasse a Rui Rio num eventual cenário pós-eleitoral. “Não faças coligação lá com o Rio que ele não presta”, disse-lhe uma cliente do mercado. Pouco depois, outro aviso: “O Rio devia ir parar era ao mar!”

O líder do CDS não lhes deu grande resposta, apesar de as críticas a Rio terem subido de tom: “Tem cara de escárnio”, chegaram a dizer. Se, por um lado, o presidente dos democratas-cristãos vinca que não está “arrependido” de ter ido a eleições sem coligação — “O facto de não ter havido coligação é uma oportunidade para o CDS afirmar o seu espaço próprio, os seus compromissos eleitorais e dar a garantia aos portugueses de que nenhum voto no CDS servirá para entendimentos com António Costa”, afirmou —; por outro lado, volta a oferecer a mão ao PSD para derrotar a esquerda.

O líder do CDS desvalorizou as sondagens que têm saído nos últimos dias (uma delas mostra um empate técnico entre PS e PSD), com perda de força pelo CDS. Apelida mesmo os estudos de opinião de “estudos de alfaiate mesmo à medida dos partidos do bloco central de interesses”. E diz que servem para “pressionar” o voto dos eleitores.

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“Já chegou o tempo da campanha em que começaram a aparecer sondagens de empate técnico, estava ansioso por este momento porque estes estudos de alfaiate mesmo à medida dos partidos do bloco central de interesses já apareceram para pressionar os portugueses a votar ou no PS ou no PSD. Já não interessa saber quem ganha eleições, mas quais as maiorias que se conseguem formar no Parlamento”, apontou, aos jornalistas.

Rodrigues dos Santos recusa estar a fazer campanha isolado e fala em falta de “compatibilização” de agenda com históricos do partido

Em contraste com a falta notada de Cecília Meireles —  eleita pelo círculo do Porto, já anunciou a saída da política —, Rodrigues dos Santos conheceu outra Cecília, de mais idade e que lhe deixou elogious rasgados: “Ó rei, como é tu és capaz de falar tanto e tão bem?”, atirou-lhe.

Preferia Rodrigues dos Santos ter ali visto outras Cecílias? “Há muitas Cecílias na terra”, respondeu.  O presidente dos centristas recusa, aliás, que esteja a fazer uma campanha isolado de grandes nomes do partido. A participação de nomes como Manuel Monteiro (ex-presidente do CDS), António Lobo Xavier (antigo líder parlamentar) e João Almeida (deputado) em ações de campanha que não se cruzam o líder do partido é justificada por Rodrigues dos Santos com a agenda “intensa” do seu percurso nacional.

“A volta nacional do líder é muito intensa, terá que passar pelos 18 distritos do nosso país e tudo isto implica que tenha janelas de tempo muito curtas em cada um dos distritos para conseguir abranger todo o território nacional. É só uma questão de compatibilização de agenda que não é possível fazer”, indicou.

Rodrigues dos Santos diz até que com “alguns deles” já se cruzou em campanha, como Manuel Monteiro e António Lobo Xavier, na semana passada, no Porto. E acrescenta que fica “muito feliz e honrado que esses protagonistas da história recente” do partido, numa altura em que “o CDS jogo a sua sobrevivência eleitoral, estão juntos para aconselhar ao voto no CDS”.

O presidente do partido está confiante de que o CDS não vai perder a representação parlamentar. “Creio que as pessoas do distrito do Porto sabem reconhecer a qualidade dos representantes do CDS que tiveram no Parlamento e devo dizer que ao longo da nossa história dos quadros mais marcantes da história do nosso partido eram daqui”, disse, no mercado do Bolhão, no Porto.