Os EUA ordenaram a retirada das famílias de todos os trabalhadores da embaixada ucraniana, com receios de que uma invasão russa esteja iminente. Além das famílias de todos os trabalhadores da embaixada, também todos os trabalhadores não-essenciais da embaixada devem abandonar a Ucrânia imediatamente, com os custos suportados pelo Departamento de Estado norte-americano, que também aconselha todos os americanos que vivem na Ucrânia a ponderar sair do país.

Com tropas russas reunidas na fronteira com a Ucrânia, o comunicado do Departamento de Estado dos EUA, emitido na noite de domingo, reflete os receios de que a Rússia estará na iminência de invadir o país vizinho. Isto apesar de Moscovo continuar a negar, reiteradamente, qualquer intenção de invadir a Ucrânia.

Uma “ação militar por parte da Rússia pode acontecer a qualquer momento e o governo dos EUA poderá não ter condições para evacuar todos os cidadãos caso essa contingência surja, por essa razão os cidadãos norte-americanos que estão atualmente na Ucrânia devem fazer planos à luz destes factos”, pode ler-se no comunicado.

O Departamento de Estado insta também a comunidade norte-americana na Ucrânia a informar-se sobre “o que o Governo dos Estados Unidos pode ou não fazer para [lhes] dar assistência durante uma crise no estrangeiro”.

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Por último, desaconselha ainda qualquer viagem à Ucrânia, devido à possibilidade de um ataque russo, embora o país fosse já desaconselhado aos viajantes norte-americanos devido à Covid-19.

UE não planeia retirar da Ucrânia a menos que EUA tenham “mais informação”

O chefe da diplomacia europeia afirmou que a União Europeia não está a pensar ordenar a retirada do seu pessoal diplomático da Ucrânia, a menos que o secretário de Estado norte-americano partilhe “mais informação” que justifique tal medida.

Em declarações à chegada de uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, em Bruxelas, que volta a ter como assunto em destaque na agenda a tensão na fronteira da Ucrânia com a Rússia, o Alto Representante da União para a Política Externa e de Segurança, questionado sobre a decisão de Washington de ordenar a retirada das famílias dos diplomatas dos EUA colocados em Kiev, comentou que não se deve “dramatizar”.

Recordando que o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Anthony Blinken, vai participar nesta segunda-feira, por videoconferência, na discussão sobre a situação de segurança na Ucrânia, Josep Borrell disse que essa será uma oportunidade de o secretário de Estado norte-americano explicar aos 27 a razão desse anúncio, que, nesta fase, a UE não pensa seguir.

“Blinken vai explicar-nos a razão desse anúncio. Nós não vamos fazer o mesmo, pois não temos razões especificas para tal. Penso que não devemos dramatizar. Enquanto as negociações prosseguirem, e elas estão a prosseguir, não creio que tenhamos de deixar a Ucrânia. Mas talvez Blinken tenha mais informação para partilhar connosco”, declarou o dirigente espanhol.

Reino Unido junta-se aos EUA e começa a retirar diplomatas da Ucrânia

Funcionários da embaixada do Reino Unido em Kiev começaram a sair da Ucrânia face à “crescente ameaça” de uma invasão da Rússia, anunciou hoje o Governo britânico, um dia depois de uma decisão idêntica dos Estados Unidos.

“Alguns funcionários da embaixada” e os seus familiares “estão a retirar-se de Kiev em resposta à crescente ameaça da Rússia”, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

O ministério disse que a embaixada em Kiev “permanece aberta e continuará a levar a cabo as suas tarefas essenciais”.

Governo ucraniano considera prematura saída de famílias de diplomatas dos EUA

A Ucrânia considerou “prematura e de “cautela excessiva” a decisão dos Estados Unidos de ordenarem a saída das famílias dos funcionários e outros trabalhadores da embaixada norte-americana em Kiev devido à ameaça militar da Rússia.

“Respeitando o direito dos Estados estrangeiros de garantir a segurança das suas missões diplomáticas, consideramos tal ação dos Estados Unidos prematura e uma demonstração de cautela excessiva”, disse o porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, num comunicado.

Apesar da tensão atual, “a situação de segurança não sofreu nenhuma mudança radical nos últimos tempos: a ameaça de novas ondas de agressão russa permanece constante desde 2014 e o aumento de tropas russas na fronteira (ucraniana) já começou em abril último”, acrescentou Nikolenko.

O porta-voz ucraniano apelou “à calma”, entretanto, denunciou os “esforços” de Moscovo para “desestabilizar a situação interna na Ucrânia”.

Diplomatas canadianos ficam, para já, na Ucrânia

Os diplomatas canadianos e as respetivas famílias vão permanecer, por enquanto, na Ucrânia, ainda que a sua segurança esteja a ser constantemente analisada, indicou o primeiro-ministro Justin Trudeau, citado pela Al Jazeera.

Questionado por jornalistas, Trudeau evitou responder se ordenaria ou não uma evacuação e também não respondeu sobre a hipótese de o Canadá enviar tropas para a Ucrânia. Explicou, no entanto, que “existem muitos planos de contingência em vigor” e que a “segurança dos diplomatas canadianos e das suas famílias é, obviamente, primordial”. Nesse sentido, decisões serão tomadas com “base na segurança no terreno”.