Apesar do mau resultado nas eleições legislativas, que resultou na perda de representação parlamentar, o caminho do Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) é para continuar a ser feito ao lado do PCP. “Continuamos firmes”, diz Mariana Silva ao Observador, na sequência da comissão executiva do partido que analisou os resultados eleitorais.

Pela primeira vez desde a fundação, Os Verdes não conseguem eleger deputados devido ao pior resultado em eleições legislativas da CDU, que perdeu metade da representação parlamentar, passando de 12 para seis deputados. Os Verdes, tal como o PCP, colocam as culpas do mau resultado na “forte bipolarização” provocada por PS e  PSD e reconhecem — no comunicado divulgado após a reunião do partido — que a perda de representação parlamentar “dificultará a ação ecologista institucional” mas que “não diminuirá a intervenção, vontade e determinação”.

Mariana Silva, número quatro por Lisboa — onde entraram dois — e José Luís Ferreira, número três por Setúbal — onde foram eleitos também dois deputados, ficam fora do próximo quadro parlamentar e marcam o fim da representação d’Os Verdes desde 1983, ano em que António Gonzalez foi eleito nas listas da Aliança Povo Unido, que antecedeu a CDU.

[Ouça aqui as declarações de Mariana Silva, do Partido Ecologista Os Verdes]

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Ao Observador, a ainda deputada assegura que os dois parceiros continuam “firmes como até agora” e que “embora mais limitados, os portugueses podem continuar a contar com Os Verdes nas suas lutas, junto das populações porque é em conjunto com as pessoas que encontramos as soluções”. Mariana Silva admite o peso “da perda de representação parlamentar”, mas garante que “não diminui a vontade e a determinação dos dirigentes em continuar a intervir em todos os planos” puxando pelo peso dos eleitos locais nas autarquias e junto dos movimentos cívicos.

Mariana Silva lamenta que “o Parlamento tenha perdido o único partido ecologista que lá estava” mas acrescenta que não vai “desistir das preocupações” que tem levado à Assembleia da República ao longo dos últimos anos. A dirigente ecologista admite que “o trabalho do grupo parlamentar dava visibilidade” mas que os dirigentes do partido “continuarão a trabalhar com mais esforço e com mais luta” para tentar ter a visibilidade que o Parlamento dava.

Com a viabilização de seis zonas de exploração de lítio ou com o problema da seca a marcarem a agenda dos últimos dias, Mariana Silva critica os “governantes que querem escrever num papel as preocupações ambientais ou fazer grandes discursos de amor à luta contra as alterações climáticas, mas que aplicam na prática projetos de destruição do território”.

Apesar da perda de relevância no novo xadrez político, o Partido Ecologista Os Verdes não se arrepende da rejeição da proposta do Orçamento do Estado para 2022, por entender que “estava tudo encaminhado pelo PS e pelo Presidente da República“, ao considerar que “existiam outras soluções que não a dissolução da Assembleia da República” e que “a proposta de orçamento não indicava um bom caminho para Portugal”. Agora, sem representação parlamentar Os Verdes procuram reforçar “a luta e o esforço” para recuperar um palco considerado muito importante.