Na sequência do ataque informático à Vodafone, a Polícia Judiciária disse esta terça-feira, em conferência de imprensa, que “não é possível, de forma muito concreta, dizer o que está subjacente”. Carlos Cabreiro, diretor do departamento de cibersegurança da Judiciária garante que a Vodafone foi o único alvo e revelou que estão a trabalhar com os Serviços de Segurança Interna (Secretas). “Nesta situação em concreto, não houve qualquer pedido de resgate”, confirmou.

A Polícia Judiciária está ainda “a apurar se alguma informação confidencial ou dados pessoais foram expostos”, sendo este um dos objetivos da investigação ao ciberataque à empresa que tem cerca de quatro milhões de clientes.

Estamos a falar exclusivamente de um crime informático de que uma operadora de comunicações foi vítima”, adiantou Carlos Cabreiro, afastando rumores sobre outro tipo de crimes praticados contra a empresa.

“Assumimos que a PJ está em estreita colaboração com parceiros internacionais. Estes ciberataques estão a acontecer com alguma regularidade em todo o mundo”.

Por agora, a investigação deixa em aberto a possibilidade de um ataque em nome individual ou em grupo e a PJ não exclui a ligação aos ataques informáticos feitos no últimos mês — à Impresa, à Cofina e ao site do Parlamento. “Não excluímos, mas não temos dados que nos permitam fazer essa ligação”, explicou Carlos Cabreiro.

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Uma vez que não foi, até ao momento, pedido qualquer resgate, a Polícia Judiciária coloca todas as hipóteses em cima da mesa e só com a investigação, que está ainda em fase inicial, será possível perceber “se o autor tinha uma motivação pessoal, se tinham uma motivação relacionada com o seu ego, com eventuais ideologias, se eventualmente estava ou vai estar à espera de algum benefício patrimonial, ou mesmo se se trata de uma atuação em grupo”.

Polícia Judiciária pediu cooperação internacional na investigação ao ataque informático à Vodafone

A Vodafone foi alvo de um ataque informático e, na segunda-feira à noite, os serviços de comunicações começaram a falhar. Na manhã desta terça-feira, o presidente-executivo da Vodafone Portugal, Mário Vaz, considerou que a empresa foi alvo de um “ato terrorista e criminoso” e garantiu que a operadora, há 30 anos em Portugal, nunca foi alvo de um crime com esta dimensão.

Bancos, unidades de saúde como o Hospital Universitário do Porto, corporações de bombeiros, INEM e instituições bancárias foram alguns dos serviços afetados pelo ciberataque. Também se verificaram constrangimentos nos serviços prestados por aplicações móveis, como a Glovo. “Como todos os utilizadores Vodafone, verificámos algumas ocorrências em parceiros, estafetas e utilizadores ao não conseguirem aceder a serviços de internet e consequentemente impedindo a utilização da app Glovo”, referiu fonte oficial da empresa.

Ao final da tarde, a Vodafone anunciou que conseguiu iniciar o restabelecimento dos serviços com base na rede 4G, estando este arranque condicionado em algumas zonas do país. “O serviço está igualmente sujeito a algumas limitações”, que incluem a velocidade da rede, garantiu a operadora em comunicado.