A Rússia anunciou esta quarta-feira de manhã que retirou tropas junto à fronteira com a Ucrânia — e até mostrou imagens na televisão estatal —, mas a NATO desmentiu essa informação durante a tarde. O secretário-geral da organização apontou que existem imagens de satélites comerciais que fazem a versão russa cair por terra. Com estas provas, “confirmadas” por “fontes fidedignas e públicas”, é “difícil argumentar”, atirou Jens Stoltenberg.

Numa conferência de imprensa à margem de um encontro que reuniu os ministros da Defesa da NATO (que contou com a presença de João Gomes Cravinho em representação de Portugal), Jens Stoltenberg reforçou que, até ao momento, não existe “sinal de desescalada no terreno. Não há retirada de tropas ou material bélico”. Assim sendo, alertou o responsável, Moscovo pode levar a cabo uma “invasão massiva pronta a atacar” a Ucrânia.

Jens Stoltenberg assinalou que ainda há 150 mil tropas junto à fronteira ucraniana e que esta é, até hoje, a maior concentração militar desde o final da Guerra Fria.

Para o alto responsável, este cenário da iminência de um possível ataque russo a vários países (não só a Ucrânia) será o “novo normal” para o continente. “Enfrentamos uma crise na segurança da Europa”, declarou Jens Stoltenberg, acrescentando que ainda não se sabe o que “vai acontecer na Ucrânia”. No entanto, afirmou que a Rússia quer “contestar os princípios fundamentais que têm sustentado” a segurança da Europa por décadas e “quer fazê-lo através da força”.

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“Lamento dizê-lo, mas será o novo normal”, vincou.

No caso específico da Ucrânia e apesar deste aviso, o secretário-geral salientou que “ainda não é muito tarde para a Rússia se afastar de um conflito e escolher o caminho da paz”, referindo que a organização tem “propostas escritas” para apresentar a Moscovo sobre a segurança da Europa. Jens Stoltenberg disse esperar a Rússia tenha a boa vontade de as receber e as discutir. O responsável destacou ainda que os aliados saúdam todos “os esforços diplomáticos”, existindo “sinais” de que a Rússia optará pela via diplomática.

Reunidos em Bruxelas, os ministros da Defesa da NATO confirmaram ainda o reforço da presença militar a leste. “As ações da Rússia representam uma séria ameaça à segurança euro-atlântica. Como consequência, e para assegurar a defesa de todos os aliados, estamos a destacar forças terrestres adicionais para a parte oriental da Aliança, bem como recursos marítimos e aéreos adicionais, tal como anunciado pelos aliados, e aumentámos a prontidão das nossas forças”, lê-se numa declaração dos ministros da Defesa da NATO.

Acrescentando que a NATO está também prestes a “reforçar ainda mais” a sua “postura defensiva e dissuasora para responder a todas as contingências”, os ministros da Defesa da Aliança Atlântica  argumentaram que estas medidas são “preventivas e proporcionais” e não contribuem para uma escalada das tensões.