Isabel Díaz Ayuso reconhece que o seu irmão recebeu dinheiro na sequência de um negócio de venda de máscaras ao Ministério de Saúde, mas desmente algumas das alegações do Partido Popular espanhol, a que pertence. O valor é, segundo a presidente do Governo regional de Madrid, muito inferior aquele que foi apontado: terão sido 55.850 euros e não perto de 300 mil, explicou a presidente em comunicado. Para além disso, retifica que não se tratou de uma comissão, mas antes de honorários recebidos por ter gerido negociações relacionadas com a vinda de material do mercado asiático.
Na quarta-feira foi tornado público que a direção nacional do Partido Popular (PP) de Espanha está a investigar, desde outubro, o governo de Ayuso. O problema? Um contrato público de milhão e meio de euros assinado entre a empresa de um amigo do irmão de Ayuso e o Ministério da Saúde. O contrato público é de compra de máscaras e Tomás Díaz Ayuso, que não pertence à empresa que vende o produto, terá recebido uma comissão.
“A fatura à Priviet Sportive não é uma comissão por ter obtido um contrato com a administração, mas antes a cobrança de negociações para conseguir material na China e trazê-lo para Madrid, o que é diferente”, diz o comunicado, acrescentando que são honorários pelo seu trabalho e não uma “comissão de intermediário” no processo. “A fatura é de 55.850 euros mais IVA”, explica-se, detalhando que Tomás Díaz Ayuso passou quatro faturas para o efeito durante 2020. “Do resto das faturas não tenho de dar conta porque não têm relação com o Governo de Madrid e o meu irmão tem direito à sua privacidade”, escreve Ayuso.
Contratos fraudulentos e acusações de espionagem: o PP espanhol está a implodir. O que aconteceu?
“Sempre me recusei a dar explicações sobre a atividade do meu irmão porque nunca interferi nela. Talvez tenha sido um erro. Mas parece-me degradante ter de esclarecer as relações comerciais do meu irmão com uma empresa por suspeitas baseadas em informações que ninguém explica de onde vieram”, lê-se no comunicado assinado por Ayuso.
O contrato que está sob suspeita foi assinado no primeiro mês da pandemia em Espanha, na mesma altura em que foi decretado confinamento domiciliário e quando havia falta de máscaras no país para os profissionais de saúde, tal como acontecia um pouco por todo o mundo.
No comunicado, Ayuso explica as máscaras em causa foram vendidas a 5 euros, numa altura que chegavam a atingir os 10,5 euros.