O Bloco de Esquerda condena a “aventura militar de Putin” com a anexação da região separatista do Donbass. Em comunicado, o partido considera que existiu uma violação e rejeição dos Acordos de Minsk e refere que os pretextos das manobras militares dos russos colocam em perigo a paz na Ucrânia.
O dia em que Vladimir Putin matou os Acordos de Minsk — e abriu a porta a uma possível guerra
Numa nota da Comissão Política do BE, intitulada “Não à agressão imperialista da Rússia. Por uma Ucrânia integral e neutral”, o Bloco critica que a “atuação de Putin só encontra acolhimento significativo em conhecidas personalidades da extrema-direita europeia”.
Assim, para o BE, “Portugal deve condenar a aventura militar de Putin e demarcar-se dos posicionamentos de apoio aos EUA e à expansão da NATO”.
Portugal pode, na análise dos bloquistas, “apoiar a aplicação de sanções aos dirigentes russos, aos oligarcas seus apoiantes e respetivas companhias internacionais, oferecendo a sua solidariedade política e diplomática à Ucrânia para a preservação do seu território”.
“O Governo português deve, no quadro da União Europeia, insistir na via diplomática para definir termos de cessar-fogo no Donbass e para a convivência na região”, defendem.
Na perspetiva dos bloquistas, “a imposição americana de armamento e bases da NATO ao longo das fronteiras da Federação Russa resulta num agravamento das tensões e numa escalada do conflito à maneira da Guerra Fria”.
“O Governo português deve atuar para que a Ucrânia possa ter um estatuto de facto congénere ao da Finlândia – de neutralidade respeitada. É numa tal solução, aceitável por todas as partes, que as diplomacias europeias deveriam empenhar os seus esforços”, propõem.
O BE recorda ainda uma resolução da Mesa Nacional do partido, de 05 de fevereiro, na qual alertava que “o reforço da máquina de guerra da NATO, a pretexto das manobras militares do imperialismo russo”, punha em perigo “a paz na Europa” e que a Rússia devia “incondicionalmente respeitar a integridade territorial da Ucrânia“.
Zelensky mobiliza militares na reserva para reforçarem exército ucraniano
O Presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu, na segunda-feira, as autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, no Donbass, e autorizou o exército russo a enviar uma força de “manutenção da paz” para aqueles territórios no leste da Ucrânia.
Separatistas pró-russos em festa após Putin reconhecer Donetsk e Lugansk como independentes
A decisão foi tomada após meses de elevada tensão entre a Rússia e o Ocidente, depois de Moscovo ter concentrado dezenas de milhares de tropas nas fronteiras com a vizinha Ucrânia, mas enquadra-se num diferendo iniciado há três décadas.