(Em atualização)
O esperado confirmou-se. Durante a madrugada desta quinta-feira, as tropas russas iniciaram a invasão da Ucrânia, com relatos de explosões em várias zonas do país e que se intensificaram ao longo da manhã. Fica aqui um ponto da situação cronológico do conflito, enquanto continuamos a acompanhar os desenvolvimentos, minuto a minuto, no nosso liveblog que pode encontrar neste link.
Zelensky: Rússia “querer destruir a Ucrânia politicamente destruindo o chefe de Estado”
O que se passou no início da noite?
- O ministro da Saúde ucraniano, Oleh Lyashko, fez um balanço das vítimas desde que começou a invasão russa: 57 mortes e 169 feridos.
Rússia faz balanço do primeiro dia de invasão: foi um “sucesso”
- A agência dos refugiados das Nações Unidas contabiliza mais de 100 mil pessoas a sair ou a tentar sair da Ucrânia, à procura de segurança.
- Depois do anúncio de novas sanções, os Estados Unidos expulsaram dois diplomas russos do país.
- As novas sanções europeias ainda não são conhecidas na totalidade, mas a AFP avança que vão incidir sobre os setores financeiro, energético e de transportes.
- Continuam os combates pelo controlo do aeroporto Hostomel, muito próximo de Kiev, e que chegou a ser tomado pelas forças russas.
- O embaixador de Portugal na Ucrânia mudou-se para a cidade de Lviv, próxima da fronteira com a Polónia. O diplomata abandonou Kiev por motivos de segurança.
- Em Portugal JS, JSD, JP, Iniciativa Liberal, Livre e PAN — os três últimos sem juventude nos partidos — marcaram uma manifestação contra a invasão da Rússia à Ucrânia no próximo domingo, dia 27 de fevereiro, pelas 15h, em frente à Embaixada da Federação Russa, em Lisboa. O Chega não foi convidado, os jovens do Bloco não quiseram subscrever a iniciativa e que a JCP não deu uma resposta final até à divulgação do protesto.
Como foi o final da tarde?
- Os Estados Unidos avançaram com um novo pacote de sanções: a Rússia vai deixar de poder investir em euros, dólares, yens e libras, vão ser bloqueados mais quatro bancos e todas os seus ativos serão congelados nos EUA, e será reduzida a exportação de tecnologia de ponta para a Rússia. O Presidente Joe Biden voltou a falar de sanções sobre indivíduos, e seus familiares, que beneficiem desta invasão. Biden anunciou ainda um encontro dos líderes dos 30 estados-membros da NATO na sexta-feira para discutir os “próximos passos”.
- Mas os Estados Unidos não foram os únicos a anunciar novas sanções. Horas antes, o Reino Unido dizia que vai suspender ativos aos principais bancos russos, e equaciona a criação de um limite dos valores dos depósitos que os cidadãos russos poderão ter nas contas bancárias do Reino Unido. Além de suspender as licenças de exportação para a Rússia, Boris Johnson anunciou que irá, nos próximos dias, proibir as exportações de alta tecnologia para a Rússia, e banir a companhia aérea russa Aeroflot. Também o Canadá anunciou novas sanções a 58 indivíduos e entidades russas.
- São esperadas sanções mais severas da União Europeia e do grupo G7. Apesar de ainda não serem conhecidas, o Presidente norte-americano já disse que as sanções do G7 vão ser “devastadoras”.
- A central nuclear de Chernobyl foi capturada por forças russas e há relatos de tomada de reféns entre os funcionários da central.
Forças militares russas tomam controlo da central nuclear de Chernobyl
- Vladimir Putin voltou a falar ao país e ao mundo, insistindo que a Rússia foi “forçada” a invadir a Ucrânia. “Não havia outra opção”, disse, acrescentando que os “riscos de segurança eram tão altos” que o Kremlin não “podia atuar doutra forma”.
- A cidade portuária ucraniana de Mariupol está sob intenso bombardeamento, com notícias de várias explosões.
- A invasão russa já está a ter impacto nos mercados. As bolsas europeias fecharam em baixa na sessão . O Stoxx 600, de referência para a Europa, caiu 3,3%. Frankfurt e Milão foram as bolsas europeias ocidentais que mais caíram. O Dax desvalorizou 4%, e o FTSE Mib 4,1%.
- A ONU anunciou 20 milhões de dólares para reforço de operações humanitárias na Ucrânia.
- Dezenas de crianças vulneráveis — institucionalizadas ou portadoras de deficiência — estão a ser transportadas de comboio do leste da Ucrânia para a região de Lviv, junto à Polónia. Os primeiros refugiados ucranianos começaram a chegar à fronteira polaca.
Que desenvolvimentos a meio do dia?
- O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de estar tentar controlar a central nuclear de Chernobyl.
- Com o aumento da tensão em Kiev, onde esta tarde voltaram a ouvir-se sirenes de alerta contra bombardeamentos, foi decretado recolher obrigatório entre s 22h e as 7h.
- Registou-se uma explosão na base aérea de Melitopol, no sudeste da Ucrânia.
- Em antecipação da apresentação de novas sanções europeias, esperadas para o final da tarde de hoje, o governo ucraniano pediu que a Rússia seja excluída do sistema de pagamentos mundial SWIFT. O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano chegou mesmo a afirmar que quem se opuser a esta medida terá “sangue de ucranianos inocentes nas mãos”. Nos apelos dirigidos à União Europeia, o Presidente pediu também que seja criada uma “zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia e outras medidas eficazes para travar o agressor”.
Os 6 choques que o conflito na Ucrânia vai causar nas economias
- A guerra na Ucrânia tem também dominado o discurso político em Portugal, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva a abrir o debate no Parlamento dizendo que esta é a “maior crise de segurança na Europa desde o fim da segunda guerra mundial”. A invasão russa foi condenada pela generalidade dos partidos, com exceção do PCP.
- O FMI alertou para o risco económico na Ucrânia e no mundo e o grupo G7 acusou Putin de “reintroduzir a guerra no continente europeu” e de se ter colocado “no lado errado da História”.
- A BBC deu conta da fuga de mais de quatro mil ucranianos, sobretudo mulheres e crianças, para a Moldávia, com a ONU a preparar já ajuda humanitária.
- O conflito já se alastrou para o mundo do desporto, com a Associated Press a avançar que a UEFA decidiu mesmo retirar a final da Liga dos Campeões de São Petersburgo, na Rússia. O organismo que regula o futebol europeu tem ua reunião extraordinária do Comité Executivo para a manhã de amanhã, sexta-feira, de onde deve sair a decisão final.
Como foi o início da tarde?
- Ao final da manhã, início da tarde, começaram a multiplicar-se relatos de ataques em toda a Ucrânia, com as forças policiais a falarem de um número de agressões russas superior a 200. Só na base militar de Odessa, no noroeste da Península da Crimeia, há registo de 18 mortos, em consequência de um ataque.
- Notícias dão conta que os russos controlaram o aeroporto de Hostomel, um dos principais da região, e muito próximo de Kiev. Horas depois, o governo ucraniano anunciou que três “helicópteros inimigos” foram abatidos e que a Guarda Nacional ucraniana estava a tentar combater “grupos inimigos de sabotagem que conseguiram aterrar”.
- Um avião militar ucraniano, com 14 pessoas a bordo, foi abatido, com registo de pelo menos cinco mortos.
- O exército ucraniano diz que quatro pessoas morreram e dez ficaram feridas no seguimento de um bombardeamento a um hospital em Vuhledar, na região de Donetsk, no leste da Ucrânia. Entre os feridos estão seis médicos.
- Veículos militares são vistos a entrar na região de Kiev. Brovary, um subúrbio da capital, foi atingido por dois mísseis de cruzeiro Kalibr russos. Milhares de pessoas abandonam as grandes cidades ucranianas. O ministro da Energia relata uma explosão na central elétrica em Trypilska, a cerca de 40 quilómetros de Kiev.
- Perante o aumento do risco, as autoridades proibiram novas entradas na capital ucraniana — agora só é possível sair. O presidente da câmara de Kiev anunciou recolher obrigatório na cidade entre as 22h e as 7h.
- Neste cenário de crescente perigo, a Ucrânia submeteu um pedido urgente para receber produtos de assistência médica à União Europeia.
- A União Europeia afirmou-se pronta para apoiar os estados-membros no acolhimento de possíveis refugiados de guerra, e garantiu que vai propor esta quinta-feira um novo pacote de sanções a serem aplicadas à Rússia. As novas sanções vão atingir mercado económico da russo e dificultar o acesso a tecnologia. O chefe da diplomacia europeia, Charles Michel, não poupou nas palavras e disse que a invasão da Ucrânia pela Rússia é algo que “não se via na Europa desde o fim da II Guerra Mundial”. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, garante que “a Rússia pagará um preço elevado”.
- O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, anunciou a criação de uma “coligação anti-Putin” com os líderes da União Europeia, França, Áustria e Turquia, que tem como objetivo avançar com “sanções concretas e assistência militar concreta”.
- O governo português anunciou que a participação de Portugal numa força de elevada prontidão da NATO pode envolver até 1049 militares, 7 aeronaves, 1 navio e 162 viaturas táticas.
- Lisboa foi palco de duas manifestações contra o conflito: uma de russos, convocada pelo ativista Pavel Elizarov, nos Restauradores, e outra de ucranianos, no Terreiro do Paço
Como foi a manhã?
- À medida que o conflito militar aumenta, a NATO anunciou que vão ser ativados mais meios militares terrestres, aéreos e marítimos na ala leste do seu espaço de ação. No entanto, como disse António Costa, “a NATO não irá intervir na Ucrânia”, já que não pode fazê-lo em territórios que não pertençam à Aliança Atlântica. Os militares portugueses em forças de ação rápida podem ser ativados, acrescentou o primeiro-ministro, e já há planos para retirar cidadãos nacionais da Ucrânia.
[Ouça aqui as declarações de António Costa]
- Na Ucrânia, o Presidente Zelenski cortou oficialmente as relações diplomáticas com a Rússia. Além disso, equiparou a Rússia de Putin à Alemanha Nazi e pediu à Turquia que feche os estreitos de Bósforo e Dardanelos aos navios de guerra russos. Ao resto do mundo pediu ajuda para defender o país e o seu espaço aéreo. Aos ucranianos pediu que doem sangue e peguem em armas.
Zelensky deu ordem para serem “infligidas o maior número de baixas ao agressor”
- As condenações de líderes internacionais às ações da Rússia sucedem-se e a UE, pela voz do Alto Representante para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, garante que o país liderado por Putin será responsabilizado pela invasão “premeditada” e “não deve ter dúvidas de que a UE permanecerá resolutamente unida ao tomar as próximas medidas”.
- No terreno, há uma segunda vaga de ataques com mísseis e ouvem-se várias explosões em Kiev. Cerca de 10 civis ucranianos terão morrido até ao momento, para além de 40 militares, disse em comunicado Oleksy Arestovych, o assessor do presidente Volodymyr Zelensky. A Ucrânia diz ter protegido a base de Shchastya e morto 50 soldados russos, enquanto que as regiões de Milove e Horodyshche foram capturadas pelas forças russas, dá conta o Serviço Estadual de Guarda de Fronteiras ucraniano, informação que já foi confirmada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
- O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, país aliado da Rússia, disse que o seu exército não vai participar da invasão da Ucrânia. As tropas russas entraram na Ucrânia exatamente através da Bielorússia e da península da Crimeia.
- Nos mercados, o rublo nunca valeu tão pouco e está em forte queda. Em sentido contrário segue o gás natural (+29%) e, pela primeira vez desde 2014, o barril de petróleo em Londres (Brent) tocou os 105 dólares por barril (+10%).
Como foi a madrugada?
- O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou uma “operação militar especializada” na região de Donbass, onde ficam as cidades separatistas de Donetsk e Lugansk. Pouco depois, ouviam-se explosões na capital ucraniana e na cidade portuária de Mariupol. Ao longo das horas seguintes, vários repórteres no local foram dando conta de explosões e sirenes de aviso de bombardeio um pouco por toda a Ucrânia — incluindo em Lviv, a poucos quilómetros da Polónia, para onde os EUA mudaram a sua embaixada.
Putin anuncia operação militar em Dumbass e ameaça países que “tentem intervir”
- A Ucrânia começou por confirmar o ataque e falou de uma “invasão em grande escala”, com as tropas a entrarem via Bielorrúsia e também pela península da Crimeia, segundo confirmação oficial que chegou horas mais tarde. O presidente ucraniano introduziu a lei marcial no país e os cidadãos foram aconselhados por Zelensky a não sair de casa e a manterem a calma. Fontes oficiais confirmaram que cinco aviões russos foram abatidos.
- Seguiram-se condenações da comunidade internacional, com os principais líderes do mundo ocidental a prometerem uma resposta severa à agressão da Rússia e com várias reuniões de emergência a ser convocadas, incluindo o Conselho Superior de Defesa Nacional em Portugal. Os países da NATO mantêm-se em conversações. Joe Biden irá reunir-se com os líderes do G7.
- Pela primeira vez, um secretário-geral da ONU chamou a atenção de um membro permanente do seu Conselho de Segurança. António Guterres levantou a voz para dizer a Putin que pare em nome da humanidade. “Em nome da humanidade não permita que comece na Europa aquela que pode ser a pior guerra desde o início do século, com consequências devastadoras”.