Os voos da União Europeia (UE) para a Ásia podem demorar mais quatro horas para não sobrevoar o espaço aéreo russo, após a invasão da Ucrânia, revelou esta terça-feira fonte comunitária, admitindo custos adicionais para as companhias aéreas europeias.
Posso dar uma indicação do tempo extra necessário para evitar os voos em território russo e, claro, isso depende de onde na Europa se está a voar: se se estiver a voar do norte da Europa, como da Finlândia ou da Suécia, será uma rota muito mais longa [para a Ásia] e a estimativa é que poderão ser necessárias mais quatro horas, mas se se estiver a voar de um pouco mais a sul, o tempo extra muda para cerca de mais uma hora e meia”, disse fonte europeia, num encontro com jornalistas comunitários em Bruxelas, entre os quais a agência Lusa.
A fonte reforçou que “depende do país ou da cidade de onde se voa, mas certamente que aqueles que voam do norte [da UE] terão de contornar o território russo e também, neste caso, a Ucrânia porque o espaço aéreo está fechado”, na sequência da invasão russa do país.
Isso aumentará o tempo para chegar ao destino final na Ásia, como à China, ao Japão ou à Coreia”, exemplificou a mesma fonte comunitária.
Questionada sobre eventuais apoios às companhias aéreas europeias, nomeadamente por parte da Comissão europeia, a fonte ressalvou que, “nesta fase, não há qualquer específica a ser tomada”, embora admita que “o tempo adicional que será utilizado para voar para a Ásia significará um aumento no consumo de combustível e, portanto, de custos”.
Sei que há discussões, mas gerais, sobre apoio a qualquer pessoa na Europa afetada pelas sanções” aplicadas pela UE à Rússia, adiantou. São várias as companhias aéreas que evitam o espaço aéreo russo após o início do conflito armado na Ucrânia, mas na segunda-feira a Rússia decidiu mesmo proibir tráfego aéreo vindo de 36 países, incluindo UE e Portugal.
Esta proibição russa surge depois de, no domingo, a UE ter acordado encerrar o espaço aéreo da UE para os russos. “Estamos a propor uma proibição de todas as aeronaves de propriedade russa, registadas ou controladas por russos. Estes aviões já não poderão aterrar, descolar ou sobrevoar o território da UE e isto aplicar-se-á a qualquer avião de propriedade, fretado ou de outro modo controlado por uma pessoa física ou jurídica russa”, anunciou no domingo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Dados de Bruxelas revelam que serão afetados 300 diários voos da Rússia para a UE ou a sobrevoar o espaço comunitário e 50 voos diários de transportadoras da UE para a Rússia, bem como cerca de 90 voos europeus de sobrevoo de território russo.
A proibição europeia está já em vigor, mas estão previstas exceções, como para aterragens de emergência, voos humanitários ou voos diplomáticos.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e mais de 660 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.