Andriy Shevchenko foi uma das primeiras grandes figuras ucranianas a tomar posição sobre a invasão russa e tem passado as últimas duas semanas quase apenas a desmultiplicar-se em entrevistas, publicações nas redes sociais e ações da sociedade civil a pedir o fim da guerra no seu país. E é através da notoriedade que ganhou como futebolista, numa carreira que lhe valeu além de todos os títulos coletivos uma Bola de Ouro, que consegue potenciar uma série de iniciativas de apoio à Ucrânia, como aquela que foi desenvolvida esta semana por um dos antigos clubes, o AC Milan, que colocou à venda uma réplica do equipamento da época de 2002/03, em que ganhou a Champions com o avançado, para angariar fundos para os mais necessitados.

Shevchenko, o elo de ligação que quer levar jovens ucranianos para as academias dos clubes da Premier League

No entanto, e enquanto vai fazendo tudo isso, também o antigo jogador hoje treinador (teve uma curta fase no Génova depois de cinco anos na seleção da Ucrânia) vive dias complicados com tudo o que continua a acontecer no país. E, após ter relatado uma história que lhe chegou sobre o drama que milhares e milhares de crianças ucranianas têm vivido, falou também da situação sem solução que os familiares próximos vivem.

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“A minha mãe e a minha irmã não têm comida nem eletricidade. Elas acolheram algumas pessoas que se mudaram com elas. As condições são terríveis. Não há comida. Não há eletricidade. Eles são amigos da minha irmã. Há cinco dias que vivem no subsolo, numa cave. Os corredores humanitários estão a ser atacados. Se a minha mãe e a minha irmã quisessem partir e tentassem seria muito perigoso para elas. Tem havido muitos bombardeamentos em Bucha e nas proximidades, em Irpin e Hostomel. As cidades estão completamente destruídas”, contou Andriy Shevchenko numa entrevista concedida à Sky Sports.

“É um momento muito difícil para o meu país, para o meu povo e para a minha família. A minha mãe e a minha irmã estão em Kiev neste momento e há coisas terríveis a acontecer lá. Há pessoas a morrer, crianças a morrer. Temos mísseis apontados às nossas casas. Temos de parar esta guerra. Temos de encontrar uma maneira de parar a guerra. Tento falar com a minha família a cada 20 minutos porque Kiev está sob ataque, assim como outras cidades. Há coisas terríveis a acontecer. A minha mãe e a minha irmã, como a maioria do povo ucraniano, recusam-se a sair, estão lá para lutar pelo nosso país, pela nossa liberdade, pela nossa alma e pelos nossos princípios. Acho que as pessoas estão a começar a entender o problema mas podemos fazer mais para parar a guerra”, tinha contado na semana passada sobre a família mais próxima.

Esta sexta-feira, o antigo Bola de Ouro tinha também contado uma história chocante com uma criança que aconteceu em Mariupol e que já tinha sido também referida pelo próprio presidente do país, Volodymyr Zelensky. “Há duas semanas a Rússia iniciou uma guerra contra o meu país. Nos últimos dias tornou-se pior. Estão a matar centenas de crianças inocentes. Quero contar-vos a história da Tanya, uma criança de seis anos, de Mariupol. Morreu sozinha de desidratação. A sua mãe morreu primeiro. Todas as crianças merecem paz e viver. Por favor, salvem as crianças ucranianas”, contou num vídeo nas suas redes sociais.