Cerca de 35% dos jovens espanhóis até aos 15 anos apresentam dois ou mais fatores de risco cardiovascular, uma percentagem que sobe para os 40.7% para os que pertencem a meios sociais desfavorecidos, conclui um estudo da Fundação Espanhola do Coração (FEC), que analisou as dietas de 410 crianças e adolescentes entre um e os 15 anos.
Se não mudarem os maus hábitos alimentares, alerta Javier Aranceta , presidente do Comité Científico da Sociedade Espanhola de Nutrição Comunitária (SENC), estes jovens poderão tornar-se “a primeira geração a viver menos que os pais”, cita-o o El Espanol. O excesso de peso e a obesidade reduzem a esperança média de vida entre seis a oito anos e aumenta o risco de doenças cardiovasculares.
Analisando os dados, 20.5% dos que responderam ao inquérito têm excesso de peso e 8.7% é obeso. O excesso de peso prevalece mais entre as raparigas (23.7%) do que entre os rapazes (17.4%), enquanto a obesidade é maior nos indivíduos do sexo masculino (11.6%) do que nos do sexo feminino (5.9%). Por faixas etárias, a obesidade é mais comum em crianças entre um a nove anos.
Só 6.9% dos inquiridos seguem uma dieta mediterrânica e 39.1% apresentam uma dieta de muita baixa qualidade, segundo a pontuação do índice KIDMED — mede a adesão ao padrão alimentar mediterrâneo em crianças e adolescentes. Contudo, 54% das famílias reconhece que a alimentação dos filhos poderia ser melhor.
A classe social é outra variante que influencia a dieta: quem pertence à classe média (44.1%) ou à baixa (39.5%) tem uma qualidade alimentar pior do que os da classe social alta (34.6%). Além disso, mais de metade dos participantes – uma percentagem de 54% — são sedentários, mais os homens do que as mulheres (53.6% contra 48.5%).
Estes números sobem para 66,5% entre os dez e os 15 anos, enquanto caem para 39,8% para os participantes com menos de dez anos. Quanto à classe social, os da alta são mais sedentários (53,3%) do que os da classe média (49%) e baixa (50%).
Por exemplo, durante a semana, um em cada três inquiridos passa mais de duas horas por dia em frente ao computador. No fim de semana, mais jovens juntam-se a este hábito: três em cada quatro.
Apesar destes dados, 97% das famílias acreditam que o estado de saúde dos filhos é bom ou muito bom. O que preocupa Javier Aranceta não é que “vivam menos do ponto de vista quantitativo, mas qualitativo”. Insistiu, por isso, na prevenção que “começa na gravidez” e no aumento da “alfabetização alimentar”, envolvendo a comunidade escolar e promovendo o exercício físico.