A oposição venezuelana anunciou, esta sexta-feira, o seu apoio à decisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) de abrir um gabinete em Caracas para investigar crimes contra a humanidade.

“Na Venezuela têm sido cometidos e continuam a ser cometidos crimes que lesam a humanidade. O anúncio do Procurador Karim Khan de abrir um gabinete do TPI no nosso país é um passo em frente na responsabilização e justiça, algo que hoje não existe para os venezuelanos”, disse o líder da oposição Juan Guaidó.

“A ditadura tem tentado manipular com uma falsa reforma judicial para simular justiça, não para ressarcir as vítimas ou assegurar a que os factos não se repitam. Na Venezuela não há justiça ou independência de poderes, estes só estarão garantidos em democracia e liberdade”, sublinhou.

Segundo Juan Guaidó, “depois de anos de esforço e sacrifício, o TPI vai vigiar a ditadura mais de perto do que nunca”.

O ex-candidato presidencial opositor Henrique Capriles Radonski afirmou que a nova visita a Caracas do Procurador Karim Khan e o anúncio da abertura do gabinete na Venezuela “confirma a decisão do TPI de procurar o caminho para que no país haja justiça para as terríveis violações dos Direitos Humanos”.

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Qualquer medida que permita investigações sérias sobre violações dos Direitos Humanos na Venezuela, para que as vítimas tenham justiça e para que seja garantido o respeito pelos direitos de todos, é o desejo da maioria dos venezuelanos”, disse Henrique Capriles aos jornalistas.

O Procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) Karim Khan, anunciou, sexta-feira, que chegou a um acordo com o governo da Venezuela para abrir um gabinete daquele organismo em Caracas, para investigar as denúncias sobre alegados crimes contra a humanidade.

No palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, durante um encontro com o presidente Nicolás Maduro, Khan defendeu que “este é um passo muito importante, muito significativo […] algo concreto que permitirá cumprir com as nossas responsabilidades nos termos do Estatuto de Roma e comprometer-me com as autoridades venezuelanas”.

Por outro lado, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, explicou que o Procurador do TPI tem “as portas abertas no país” e salientou a “boa experiência” que Caracas já tem com a Alta-Comissária dos Direitos Humanos, Michelle Bachelet.

Segundo Nicolás Maduro “a Venezuela e o TPI estão numa nova etapa, para melhorar os processos de cooperação, diálogo e complementaridade”, para “reforçar e apoiar a igualdade e a justiça humana que a Venezuela necessita, para evitar o bloqueio imposto pelo imperialismo”.

Em 17 de dezembro de 2021 o TPI anunciou que decidiu avançar com uma investigação ao governo venezuelano por alegadas violações dos Direitos Humanos da população, incluindo alegada violência contra a oposição e a sociedade civil.

Em 3 de novembro de 2021, o procurador-geral do TPI anunciou que as denúncias contra a Venezuela, por alegadas violações dos Direitos Humanos e crimes humanitários, passariam à fase de investigação formal, e em janeiro de 2022 o TPI anunciou que dava mais três meses, até 16 de abril, para que o governo venezuelano informasse o TPI sobre os resultados de investigações a crimes humanitários na Venezuela.