O Presidente da Ucrânia diz que a Rússia se prepara para uma “resposta em espelho” ao que se passou em Bucha, em que vai tentar fazer parecer que a morte de civis em Mariupol foi causada pelo próprio exército ucraniano.

“Chega-nos mais e mais informação de que os propagandistas da Rússia estão a preparar, assim por dizer, uma ‘resposta em espelho’ ao choque das pessoas normais pelo que viram em Bucha. Vão mostrar as vítimas de Mariupol como se tivessem sido mortas não pelo exército russo, mas pelos defensores ucranianos da cidade”, acusou Volodymyr Zelensky, numa mensagem em vídeo, divulgada da noite de quinta-feira.

Segundo o Presidente ucraniano, para atingirem este fim, as forças russas vão “recolher corpos das ruas” e “usá-los noutro lugar, de acordo com cenários de propaganda elaborados”. “Estamos a lidar com invasores que já não têm nada de humano. Para justificar as suas próprias matanças, levam as pessoas assassinadas como se fossem cenário, adereços de propaganda”, sublinhou.

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Zelensky garante que “em quase todas as ruas” de Mariupol pode ver-se agora “o que o mundo viu em Bucha e noutras cidades na região de Kiev depois da retirada das tropas russas”: “a mesma crueldade, os mesmos crimes hediondos”.

O chefe de Estado ucraniano não poupou nas acusações a Moscovo, e aplaudiu a decisão, tomada hoje pela assembleia-geral das Nações Unidas, de suspender a Rússia do Conselho dos Direitos Humanos da ONU. “Há muito tempo que a Rússia não tem nada a ver com o conceito de direitos humanos”, sublinhou.

Assembleia-Geral une-se e suspende Rússia do Conselho dos Direitos Humanos da ONU

“Talvez um dia isso mude. Mas por agora, o Estado russo e o exército russo são a maior ameaça do planeta à liberdade, à segurança humana e ao conceito de direitos humanos. Depois de Bucha, isso tornou-se óbvio”, disse Volodymyr Zelensky.

Embaixadas de regresso a Kiev

Na mensagem enviada na noite de quinta-feira, o Presidente ucraniano anunciou, com satisfação, o regresso de representantes diplomáticos de vários países à cidade de Kiev. “A embaixada da Turquia regressou ontem. O embaixador da Lituânia regressou hoje. Antes, a Embaixada da Eslovénia tinha retomado o seu trabalho em Kiev”, afirmou.

Volodymyr Zelensky avançou ainda que vai discursar perante o parlamento da Finlândia na sexta-feira — será o 22.º hemiciclo a que se dirige desde que a guerra começou, além da ONU, Conselho Europeu, G7 e NATO. “Estou a planear um discurso ao parlamento e ao povo da Finlândia amanhã”, disse, no dia em que a Finlândia anunciou a intenção de se candidatar à NATO até maio.