Além de Suleiman Kerimov, há mais dez empresários e magnatas russos sancionados após a invasão da Ucrânia apanhados nas malhas dos Pandora Papers — uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.
A informação é dada pelo jornal El País, um dos meios de comunicação que integra o consórcio. Segundo o diário espanhol, há pelo menos 42 magnatas russos envolvidos. Em conjunto, detêm uma riqueza equivalente a 15% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, refere ainda o El País. Destes 42, 11 foram sancionados recentemente na sequência da invasão da Rússia à Ucrânia.
Pandora Papers. Oligarca russo aliado de Putin tinha tatuador suíço como testa de ferro
Mordashov, barão do aço e quinto russo mais rico do planeta
Um dos oligarcas russos visados é Alexei Mordashov. Em tempos descrito como “o homem mais rico da Rússia”, construiu riqueza nos setores do turismo e viagens e produção e exportação de aço.
Em 2021 Mordashov tinha sido considerado a 51ª pessoa mais rica do mundo pela revista Forbes, estando a sua fortuna estimada em quase 18 mil milhões de euros. Já este ano surge em 138º lugar na mesma lista, com a fortuna avaliada em perto de 12.5 mil milhões de euros. É o quinto cidadão russo mais rico do planeta, segundo esta mesma lista mais recente que já tem dados atualizados que refletem o impacto das sanções e da guerra na Ucrânia.
Em fevereiro de este ano, Mordashov foi sancionado pela União Europeia e Reino Unido, devido às suas “ligações ao poder executivo” do Kremlin, tendo sido afetado também pela proibição de importações à Rússia — visto que controla o maior produtor de aço da Rússia, a Severstal, que até à guerra exportava anualmente três milhões de toneladas de aço para países da UE.
Agora, no site do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, é contada a história de como “como a PwC [PricewaterhouseCoopers] ajudou um barão russo do aço” — precisamente Alexei Mordashov — a “fazer crescer o seu império offshore“.
Chemezov, antigo agente do KGB próximo de Putin, também apanhado
Também envolvido nos Pandora Papers está o magnata Sergey Chemezov, antigo agente do KGB, próximo de Putin e presidente executivo de um conglomerado público (Rostec) que produz grande parte do equipamento militar e industrial usado pelo setor da Defesa da Rússia. Um iate de Chemezov, avaliado em 140 milhões de euros, foi apreendido recentemente em Espanha na sequência da invasão russa à Ucrânia.
Foram ainda apanhados nas informações dos Pandora Papers oito administradores de bancos russos de relevo, entre os quais Petr Aven — antigo executivo do Alfa-Bank, o maior banco comercial russo —, Herman Gref, ex-presidente executivo do Sberbank, e Mijaíl Fridman, acionista do Alfa-Bank.
Ao todo foram identificadas 3.700 sociedades ligadas a mais de 4.400 cidadãos russos nos Pandora Papers. A nacionalidade russa é aliás a mais comum entre os nomeados nos Pandora Papers.