Uma jornalista do canal de televisão internacional Al Jazeera morreu esta semana na Cisjordânia durante confrontos entre as forças israelitas e as forças palestinianas, de acordo com informações divulgadas pelos dois lados do conflito, embora com enquadramentos diferentes.
Através do Facebook, o Ministério da Saúde da Autoridade Palestiniana disse que a jornalista, Shireen Abu Akleh, foi “martirizada durante a ocupação de Jenin“, cidade na região palestiniana da Cisjordânia, depois de ter sido baleada na cabeça.
Por seu turno, o exército israelita divulgou uma nota através do Twitter atribuindo os disparos contra jornalistas a supostos “terroristas” palestinianos. De acordo com essa nota, as forças armadas israelitas foram mobilizadas durante a madrugada desta quarta-feira para um campo de refugiados em Jenin “para prender suspeitos de estarem envolvidos em atividades terroristas”.
“Como parte da atividade no campo de refugiados de Jenin, os suspeitos dispararam fortemente contra as forças [israelitas] e atiraram explosivos. As forças responderam com disparos”, lê-se na mesma nota. “Não há baixas nas nossas forças. A possibilidade de haver jornalistas feridos, possivelmente por tiros palestinianos, está a ser investigada.”
De acordo com a Al Jazeera, no momento em que foi baleada, Shireen Abu Akleh estava vestida com um colete à prova de bala com a indicação de que era jornalista.
Com 51 anos de idade, Shireen Abu Akleh foi “uma das primeiras correspondentes da Al Jazeera no terreno“, tendo começado a trabalhar para o canal de televisão internacional com sede no Qatar em 1997.
As circunstâncias da morte de Shireen Abu Akleh são ainda nebulosas. De acordo com outro jornalista da Al Jazeera, Ali Samoudi, também presente no local na altura dos disparos, a versão da Israel não bate certo, uma vez que não existiam militantes palestinianos no local.
“Íamos filmar a operação do exército israelita e, de repente, dispararam sobre nós, sem nos pedirem para sair do local ou para parar de filmar“, disse Ali Samoudi, citado pela Al Jazeera, acrescentando: “A primeira bala atingiu-me a mim e a segunda atingiu a Shireen. Não havia resistentes militares palestinianos no local.”
A morte da jornalista já foi duramente condenada pela Autoridade Palestiniana, liderada por Mahmoud Abbas.
“O ataque à Shireen é um claro ataque à verdade“, disse o porta-voz da Fatah, Osama al-Qawasami, acrescentando que Israel “quer encobrir os seus crimes contra o povo palestiniano”. “Israel quer enviar uma mensagem aos jornalistas de todo o mundo de que o destino de quem quiser cobrir a verdade é ser baleado e morto”, acrescentou o porta-voz do movimento político que lidera a Palestina.
Por seu turno, Israel diz que vai colaborar na investigação à morte da jornalista. “Os jornalistas têm de ser protegidos nas zonas de conflito”, disse o ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Yair Lapid, sublinhando que Israel vai colaborar numa “investigação patológica conjunta” sobre o incidente.