Viktor Kamenshchikov, um político comunista russo que desempenhava as funções de deputado no governo regional de Vladivostok, foi, esta quinta-feira, detido na fronteira entre o México e os Estados Unidos da América (EUA), noticia a agência de notícias russa RIA. Ainda não é claro o motivo pelo qual foi detido, nem que autoridades é que o detiveram, mas a mesma fonte aponta para “passagem ilegal da fronteira”, sendo que objetivo seria entrar no sul dos EUA.

Apesar de aparecer como deputado, Viktor Kamenshchikov já não aparecia na Duma regional desde fevereiroisto após criticar abertamente a guerra na Ucrânia na imprensa local, lembra o órgão russo kommersant. Revelando que não estava de acordo com a “posição” de apoio do Partido Comunista da Rússia à guerra, o político posicionava-se contra “as operações militares na Ucrânia e o uso das tropas russas no território de um Estado vizinho”. “Sou contra a guerra enquanto princípio.”

O secretário do Partido Comunista da região russa de Primorsky, Anatoly Dolgachev, indicou que o deputado regional tinha decidido desfiliar-se da organização partidária — por sua própria vontade e logo “após as suas declarações”. Segundo o mesmo dirigente político, Viktor Kamenshchikov nunca deu sinais de que queria abdicar do seu cargo político. 

Anatoly Dolgachev deixou ainda várias críticas a Viktor Kamenshchikov, sinaliza a rbc. Em primeiro lugar, garantiu que o Partido Comunista russo está ao lado da “libertação do povo ucraniano” das forças nazis, reforçando que aqueles que não concordam com a “operação militar especial” não devem pertencer ao partido. Depois, criticou a escolha do país para o qual o deputado regional queria fugir: “A última coisa a fazer é fugir para os Estados Unidos, cuja política imperialista nos opomos”. 

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

À agência RIA, o deputado da assembleia legislativa de Primorye, Vladimir Bespalov, disse que Viktor Kamenshchikov fugiu para os Estados Unidos pela Geórgia ou pela Turquia: “Não contou a ninguém”. “Apenas cortou todas as ligações com a organização do partido”. Segundo informações a que Bespalov teve acesso, o político dissidente, “desde fevereiro, deixou tudo e desapareceu” e “não lamenta ter deixado a Rússia”.  

A escolha da fuga de Viktor Kamenshchikov não foi por acaso: alegadamente, o político regional tem um filho nos Estados Unidos.

De recordar que quem divulgar aquilo que as autoridades russas considerarem ser informações falsas sobre a “operação militar especial” russa na Ucrânia pode ser condenado a 15 anos de prisão.

Notícia corrigida às 11h01