Uma solução para o conflito na Ucrânia tem de começar a desenhar-se, no máximo, nos próximos dois meses – e a Europa deve manter o pensamento no longo prazo e não continuar a insistir em impor uma derrota esmagadora à Rússia. Os conselhos são de Henry Kissinger, veterano da política norte-americana e antigo secretário de Estado dos EUA na altura da Guerra Fria, que dá a entender que os líderes europeus deveriam persuadir a Ucrânia a fazer cedências para acabar com o conflito.

Num testemunho no Fórum Económico Mundial de Davos, Henry Kissinger, com 98 anos de idade, pediu um fim rápido para o conflito. “Na minha opinião, um movimento no sentido de negociações [de paz] deve ser iniciado dentro de dois meses, ou algo parecido”, afirmou Kissinger, acrescentando: “O resultado deste conflito deverá ser definido por essas negociações, antes que se criem tensões e dificuldades que depois serão mais difíceis de ultrapassar”.

Prolongar e insistir na guerra muito mais tempo levará a que passe a ser não uma questão de liberdade da Ucrânia mas, sim, uma nova guerra contra a própria Rússia”, avisou.

Kissinger defende que essas negociações devem “ter como linha divisória o regresso ao status quo que existia, idealmente”. Mas nessa perspetiva o veterano da diplomacia norte-americana dá a entender – aliás, o britânico The Daily Telegraph faz essa dedução – que os ucranianos devem estar disponíveis para ceder parte do seu território, algo que não têm mostrado disponibilidade para fazer.

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Espero que os ucranianos mostrem ter o mesmo nível de sensatez que têm de heroísmo“, atirou Kissinger, sublinhando que o papel da Ucrânia na região geopolítica deve ser o papel de um Estado independente, neutral, e não de uma fronteira da Europa. Já no que diz respeito à Rússia, o ex-secretário de Estado dos EUA defende que não se deve esquecer o papel importante que a Rússia sempre teve no equilíbrio de poderes a nível global – e a última coisa que o Ocidente quer, defende, é empurrar a Rússia para uma aliança mais forte com a China.

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