A Rússia acusou nesta sexta-feira os Estados Unidos de estarem a usar a NATO e os aliados mais próximos para tentar preservar uma ordem mundial unipolar, face à deslocação dos “motores de desenvolvimento” para outras regiões do mundo.

“A influência política e o poder militar estão a deslocar-se para Leste, para outras regiões do mundo, e os Estados Unidos e os membros da NATO terão de contar com esta realidade multipolar“, disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Alexander Grushko.

Numa entrevista ao canal de televisão Rossiya-24, citada pela agência TASS, Grushko disse que Washington quer manter uma “ordem mundial injusta” que permitiu aos EUA reivindicar um papel global durante muitos anos.

Gurshko afirmou que os EUA receiam que a União Europeia (UE) tenha relações económicas e políticas vantajosas com a Rússia, e estão a tentar que os europeus fiquem dependentes do “caro gás americano”.

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O objetivo dos EUA é “subjugar economicamente a Europa”, disse Gurshko, um dos vice-ministros do chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov.

Na sequência da guerra na Ucrânia, iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro, a UE e países como os EUA, o Reino Unido ou o Japão decretaram sucessivos pacotes de sanções económicas contra Moscovo.

Mas a guerra expôs a excessiva dependência energética da UE face à Rússia, que é responsável por cerca de 45% das importações de gás europeias. A Rússia também fornece 25% do petróleo e 45% do carvão importado pela UE.

A Comissão Europeia propôs recentemente um embargo ao petróleo russo, ainda que num prazo mais alargado para países mais dependentes, mas alguns Estados-membros, como a Hungria, têm-se oposto alegando que a medida seria desastrosa para as suas economias.

Em resposta às sanções, a Rússia suspendeu os fornecimentos de gás natural à Polónia, Bulgária e Finlândia e ameaçou tomar decisões semelhantes contra outros países europeus.

Numa posição conjunta divulgada esta semana, os EUA e a UE condenaram a “chantagem energética” da Rússia e reafirmaram o “compromisso de reforçar a segurança energética da Europa”.

Os líderes da UE vão reunir-se numa cimeira extraordinária de na segunda e na terça-feira, durante a qual discutirão as questões de energia, segurança alimentar e defesa à luz da guerra na Ucrânia.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de quatro mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A ofensiva militar causou a fuga de mais de oito milhões de pessoas, das quais mais de 6,6 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.