A Lituânia está a aplicar sanções europeias sobre o trânsito de certos produtos entre a Rússia e Kaliningrado, mas não impõe qualquer bloqueio ao enclave russo, asseguraram esta segunda-feira o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, e o Governo lituano.

“O trânsito terrestre entre a Rússia e Kaliningrado não foi interrompido nem proibido. O trânsito de passageiros e mercadorias continua. Não há bloqueio”, afirmou Borrel em conferência de imprensa após uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (EU), no Luxemburgo.

O Governo lituano tinha já garantido o mesmo, dizendo que as restrições, denunciadas por Moscovo que ameaçou retaliar, são consequência das sanções impostas pela UE devido à ofensiva russa na Ucrânia.

“Não é a Lituânia que está a fazer nada, são as sanções europeias que começaram a funcionar a partir de 17 de junho”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros lituano, Gabrielius Landsbergis, no Luxemburgo.

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O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, confirmou. “A Lituânia não adotou quaisquer restrições unilaterais ou nacionais. Não é verdade. Aplica sanções da UE”, insistiu Borrell.

“Devemos estar preocupados quando a Rússia anunciar medidas de retaliação”, alertou ainda o chefe da diplomacia europeia.

A Rússia ameaçou esta segunda-feira responder à introdução de restrições “hostis” ao trânsito de certas mercadorias através da Lituânia para o enclave russo de Kaliningrado.

Moscovo disse que Vilnius introduziu no fim de semana restrições ao trânsito por caminho-de-ferro de mercadorias atingidas pelas sanções europeias a Kaliningrado, um enclave estratégico e militarizado que está separado do resto do território russo pela Bielorrússia e pela Lituânia.

“Exigimos o levantamento imediato destas restrições”, disse a diplomacia russa em comunicado, classificando as medidas como “hostis”.

Se o trânsito “não for totalmente restabelecido, então a Rússia reserva-se o direito de agir para defender os seus interesses nacionais”, alertou a mesma fonte, acrescentando que o encarregado de negócios lituano em Moscovo tinha sido convocado para o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

“A situação é mais do que grave”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, acrescentando que “será necessária uma análise aprofundada para elaborar as respostas”.

Este caso acentua ainda mais as tensões entre a Rússia e os países ocidentais, em especial os Estados bálticos que têm apoiado fortemente Kiev desde o início, a 24 de fevereiro, da invasão russa da Ucrânia.

A Lituânia, a primeira república soviética a declarar a independência, em 1990, é hoje, tal como a Letónia e a Estónia, membro da NATO e da União Europeia.