O Presidente da Rússia já tinha sugerido que qualquer um dos países da antiga União Soviética poderia ser alvo de uma invasão como a da Ucrânia. Agora, cresce o receio de que Moscovo possa atacar o Cazaquistão após a guerra com Kiev.
Segundo o jornal Telegraph, o procurador-chefe da Rússia, Igor Krasnov, indicou estar “regularmente informado de que, com o apoio de organizações não-governamentais ucranianas”, uma atividade “russofóbica ativa” se desenvolve no Cazaquistão — país que acredita estar a ajudar a desenvolver o sentimento anti-russo.
O Cazaquistão e a Rússia partilham uma das fronteiras terrestres mais longas do mundo. Os dois países eram considerados aliados, mas com a invasão da Ucrânia pela Rússia a união poderá ter chegado ao fim.
O Presidente cazaque, Kassym Jomart Tokayev, considerou, no início deste mês, que as regiões pró-russas no leste da Ucrânia — Donetsk e Lugansk — que compõem o Donbass não eram estados independentes, nem estavam sob alçada do Kremlin. No Fórum Económico em São Petersburgo, Putin respondeu cerca de vinte minutos depois: todos os países da antiga União Soviética são “Rússia histórica”.
O britânico Telegraph noticia que, publicamente, funcionários governamentais do Cazaquistão minimizam qualquer rutura com o Kremlin, mas que em privado mostram estar preocupados. Também os civis cazaques estão preocupados que Putin possa voltar a sua atenção para o país, assim que alcance os objetivos que têm na Ucrânia.
Sim, com certeza podemos ser os próximos”, disse Chingiz, um ex-padeiro ao Telegraph. “Temos um pequeno exército (…) Não seria bom”, acrescentou.
O Cazaquistão tem cerca de 3.5 milhões de russos na sua população. Muitos destes cidadãos vivem no norte do país, onde o sentimento pró-Rússia é reforçado pela propaganda da televisão do Kremlin. O jornal britânico avança ainda que milhares de russos que estão contra a guerra fugiram de Moscovo e de São Petersburgo para Almaty, antiga capital do sul do Cazaquistão, ou Uralsk, região a 70 quilómetros da fronteira com a Rússia.