O secretário-geral da NATO disse esta terça-feira que a cimeira de Madrid será “transformadora” para a organização face a um “mundo mais perigoso e imprevisível” e o ataque russo à Ucrânia, “uma brutalidade” sem paralelo desde a Segunda Guerra Mundial.

“É uma cimeira transformadora e muito importante”, disse Jens Stoltenberg, ao lado do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, numa declaração em Madrid aos jornalistas, no final de uma visita às instalações onde irão decorrer os trabalhos da cimeira, na quarta e na quinta-feira.

Stoltenberg, que usou também a palavra “histórica” para definir esta cimeira, lembrou que será aprovado um novo Conceito Estratégico para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês), o documento que vai orientar a ação da aliança militar para a próxima década, “num mundo mais perigoso e imprevisível”.

Numa conferência de imprensa na segunda-feira, em Bruxelas, Stoltenberg avançou que o novo Conceito Estratégico deverá definir a Rússia como a maior e mais direta ameaça aos países da aliança militar.

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Os líderes da NATO vão também aprovar o reforço de meios e forças no terreno e em prontidão e desbloquear um novo pacote de ajuda à Ucrânia, para “autodefesa”, lembrou.

Stoltenberg considerou “muito importante” continuar a apoiar a Ucrânia, que “enfrenta uma brutalidade” a que a Europa não assistia “desde a Segunda Guerra Mundial”, após a invasão russa de 24 de fevereiro.

Na segunda-feira, Stoltenberg afirmou que os reforços das forças da Aliança Atlântica no leste europeu e das tropas de alta prontidão que serão aprovados esta semana constituirão “a maior revisão” da estratégia “de dissuasão e defesa coletiva” da NATO desde a Guerra Fria.

O dirigente da NATO voltou também a dizer que espera “progressos” estes dias em Madrid nas negociações para a adesão à NATO da Finlândia e da Suécia, a que a Turquia está a colocar obstáculos por causa de posicionamentos destes países em relação a grupos curdos que Ancara considera terroristas.

Já Pedro Sánchez, o anfitrião da cimeira de Madrid, destacou que esta é a reunião da NATO com o maior número de chefes de Estado e de Governo de sempre (cerca de 40, entre membros da Aliança Atlântica, países parceiros e convidados).

O encontro foi convocado e pensado inicialmente antes da guerra na Ucrânia e tem entre os convidados países da Ásia e do Pacífico (Austrália, Japão, Coreia do Sul e Nova Zelândia), do Médio Oriente (Jordânia) e de África (Mauritânia), assim como os seis Estados da União Europeia (UE) que estão fora da NATO (Finlândia, Suécia, Áustria, Chipre, Irlanda e Malta).

O objetivo é claro, é rotundo, é transmitir uma mensagem de unidade por parte dos aliados [na NATO], por parte também, mais além dos aliados, pelos Estados-membros da UE como organização complementar da NATO e também da região do Indo-Pacífico”, afirmou o primeiro-ministro espanhol.

Segundo Sánchez, está em causa uma “mensagem de unidade de democracias que se reúnem para defender os valores” que as juntam, como “liberdade, pluralidade política, respeito pelos Direitos Humanos e defesa de uma ordem internacional” baseada na Carta das Nações Unidas e no tratado fundador da NATO.

Sánchez congratulou-se também por o Conceito Estratégico de Madrid passar a incorporar uma questão “muito importante para o sul”, a “estratégia de 360 graus” da NATO, com o compromisso de a organização olhar para ameaças oriundas do “flanco sul”, referindo em concreto a zona africana do Sahel.