O Patriarcado de Lisboa anunciou esta segunda-feira o afastamento de um padre depois de ter recebido uma denúncia sobre um “possível crime de violação” praticado pelo sacerdote.
A informação foi anunciada pelo próprio Patriarcado de Lisboa em comunicado de imprensa, no qual explica que comunicou o caso “às autoridades civis competentes” e acrescentou que o caso não diz respeito a um crime contra um menor de idade.
“O Patriarcado de Lisboa recebeu uma denúncia relativa a um possível crime de violação praticado por um sacerdote diocesano”, lê-se na nota. “O caso, que não se enquadra no âmbito da Comissão de Proteção de Menores, foi comunicado às autoridades civis competentes.”
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De acordo com a Rádio Renascença, em causa estará um caso muito recente, ocorrido no mês de julho, e a alegada vítima será uma mulher. Além disso, segundo a rádio católica, a vítima e o padre já se conheceriam desde antes da ordenação sacerdotal do alegado agressor.
“Ouvida a vítima e o sacerdote, o Patriarcado de Lisboa decidiu dar início aos procedimentos canónicos previstos para este tipo de casos e afastou o padre de todas as suas funções até ao apuramento dos factos”, acrescenta a instituição liderada pelo cardeal D. Manuel Clemente.
“O Patriarcado de Lisboa está totalmente disponível para colaborar com todas as autoridades competentes, tendo sempre como prioridade o apuramento da verdade e o acompanhamento das vítimas”, termina a nota.
O anúncio surge uma semana depois de o Observador ter noticiado um outro caso polémico dentro do Patriarcado de Lisboa, referente a uma denúncia apresentada à Igreja em 1999 que nunca foi comunicada às autoridades civis — nem pelo antigo patriarca, D. José Policarpo, nem pelo atual patriarca, D. Manuel Clemente, que se reuniu com a vítima em 2019.
Na sequência da notícia do Observador, tema que marcou a atualidade durante a semana passada, o cardeal-patriarca de Lisboa escreveu uma carta aberta a justificar as suas ações. No documento, D. Manuel Clemente disse que considerava que, quando se encontrou com a vítima em 2019, não estava em causa uma nova denúncia contra o sacerdote (caso em que teria comunicado às autoridades), mas apenas uma partilha de um testemunho por parte de uma vítima de um caso já resolvido no passado.
Ainda assim, na mesma carta aberta, D. Manuel Clemente sublinhou que o modo como o caso foi tratado na década de 1990 — o padre foi simplesmente transferido das paróquias onde trabalhava para uma capelania hospitalar — não corresponde “aos padrões e recomendações que hoje todos queremos ver implementados“.