O governo grego encontra-se nos últimos dias sob fortes críticas por parte de organizações feministas e da oposição, que pedem medidas concretas para combater a violência de género no país, após o assassínio de três mulheres em 48 horas.

Estes três assassínios, cometidos pelos parceiros das vítimas, elevam para 13 o número total de feminicídios registados na Grécia só este ano, com a oposição a criticar o Governo conservador de Kyriakos Mitsotakis por não adotar as medidas necessárias para combater de forma efetiva a violência doméstica e de género, e ainda pela ausência de vontade política para reconhecer o problema.

A questão da violência doméstica e de género e os feminicídios na Grécia, que nos últimos anos têm registado um aumento – em 2020 registaram-se 10 assassinatos e no ano seguinte foram contabilizados 22 -, unificaram a oposição na sua crítica ao executivo liderado por Mitsotakis.

O Syriza, principal partido da oposição helénica liderado pelo ex-primeiro-ministro Alexis Tsipras, anunciou que vai pedir pela terceira vez no parlamento que se tipifique o feminicídio como crime, uma proposta que já formulou em 2021 e que foi rejeitada pelo Governo.

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Pavlos Marinakis, da Nova Democracia (ND), o partido da direita grega no poder, qualificou a apresentação desta emenda como um “truque comunicativo” e sublinhou que com as alterações ao Código Penal aprovadas em 2021 “a única condenação por assassinato é a prisão perpétua, a pena máxima”.

O secretário-geral do MeRA25, o partido de esquerda fundado pelo ex-ministro das Finanças Yanis Varoufakis, pediu igualmente que o feminicídio seja incluído no código penal e em comunicado criticou Mitsotakis e o executivo por não terem utilizado uma única vez a expressão feminicídio, nem quando o primeiro-ministro apresentou o Plano Nacional para a igualdade de género.

Na quarta-feira, centenas de mulheres manifestaram-se contra a violência de género na praça Syntagma, no centro de Atenas, num protesto em que a polícia impediu a aproximação ao parlamento.

Segundo o índice Igualdade de Género do Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EIGE), a Grécia e a Hungria são os países com maiores desigualdades em termos de posição de poder em toda a União Europeia (UE).

O estudo indica que apenas 20,6% dos lugares de deputados no parlamento helénico são ocupados por mulheres.