A central nuclear de Zaporíjia — a maior da Europa, com seis reatores, no sul da Ucrânia — foi novamente bombardeada e por duas vezes, na madrugada de sexta-feira. Como consequência deflagrou um incêndio, entretanto extinto pelos bombeiros. Kiev e Moscovo trocam acusações e culpas pelo incidente.
O conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, considerou, este sábado, que “por milagre” não aconteceu um desastre na Europa, com a explosão da central nuclear de Zaporíjia, apontando também “provocações perigosas” por parte da Rússia.
O novo ataque russo reaviva memórias e dispara o alarme para a possibilidade de se repetir o que aconteceu em Chernobyl, em 1986, com a explosão de um reator, que provocou um grau de devastação sem precedentes, com consequências que ainda perduram mais de três décadas depois.
This morning in Europe became possible just because the Zaporizhzhya NPP miraculously did not explode yesterday. RF has seized it and is staging dangerous provocations there. The IAEA/UN must demand ???????? withdraw from the NPP and hand it over to the control of a special commission.
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) August 6, 2022
Esta manhã na Europa tornou-se possível apenas porque a central nuclear de Zaporíjia milagrosamente não explodiu ontem. A Federação Russa apoderou-se dela e está a encenar provocações perigosas ali”, disse o conselheiro presidencial ucraniano, na rede social Twitter.
Podolyak apelou à Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) e à Organização das Nações Unidas (ONU) para que “exijam a retirada das tropas russas da central nuclear, entregando o controlo a uma comissão especial”.
⚡️ Energoatom: Zaporizhzhia Nuclear Plant operates with risk of violating radiation and fire safety standards.
Ukraine's state nuclear energy company Energoatom said that there is "a serious risk" for the safe operation of the plant, following Russian shelling nearby on Aug. 5.
— The Kyiv Independent (@KyivIndependent) August 6, 2022
O regulador nuclear estatal da Ucrânia— Energoatom —, que controla a central nuclear de Zaporíjia, alertou que como consequência do ataque há um risco alto de “incêndio”, “fuga de hidrogénio e pulverização radioativa“, citado pelo jornal ucraniano The Kyiv Independent.
Entretanto, Kiev e Moscovo trocam acusações e culpas pelo incidente. Os russos dizem que o ataque teve mão ucraniana. Já os ucranianos, segundo a rede de televisão France 24, acusam a Rússia de encenar o ataque em jeito de “provocação” e de armazenar armas pesadas na fábrica que ocupam.
Zaporizhzhia e o risco nuclear da Ucrânia. Chernobyl está longe de ser o maior dos problemas
A União Europeia condenou a Rússia, este sábado numa publicação na rede social Twitter, sobre o que chamou de “atividade militar em torno da fábrica”. O chefe de relações exteriores da União Europeia, Josep Borrell, pediu que as forças russas abram o acesso ao órgão de vigilância nuclear da ONU, a Agência Internacional de Energia Atómica, à usina.
A UE condena as atividades militares da Rússia em torno da usina nuclear #Zaporizhzhia”, escreveu o principal diplomata do bloco, Josep Borrell, no Twitter. “Esta é uma violação séria e irresponsável das regras de segurança nuclear e outro exemplo do desrespeito da Rússia pelas normas internacionais.”
The EU condemns Russia’s military activities around #Zaporizhzhia nuclear power plant. This is a serious and irresponsible breach of nuclear safety rules and another example of Russia’s disregard for international norms. @iaeaorg must gain access.
— Josep Borrell Fontelles (@JosepBorrellF) August 6, 2022
As tropas russas conquistaram, em março, a central nuclear ucraniana de Zaporíjia, através de um primeiro ataque, que continua a ser gerida por funcionários ucranianos.