Passaram 232 dias desde o início da invasão russa à Ucrânia, a 24 de fevereiro. O porta-voz do Kremlin garantiu esta quinta-feira que os objetivos da “operação militar especial” não mudaram, mas Rússia está disposta a negociar para os atingir. “Reiterámos repetidamente que permanecemos abertos a negociações para atingir os nossos objetivos”, disse Dmitry Peskov ao jornal russo Izvestia, citado pela Reuters.

Já esta semana, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, afirmou que Moscovo está disposto a regressar à mesa das negociações, numa mudança de tom após os recentes avanços das forças ucranianas.

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O dia também ficou marcado pelas declarações de Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia, em Bruges. Borrell disse que um ataque nuclear à Ucrânia não levaria a guerra nuclear, mas a uma resposta militar “poderosa” que “aniquilaria o exército russo”.

Esta quarta-feira, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o homólogo turco, Recep Tayyip Erdoğan, estiveram reunidos em Astana, num encontro onde se esperava serem discutidas questões relacionadas com o gás natural e também uma eventual negociação de paz para a guerra na Ucrânia. Estiveram juntos durante uma hora e meia, de acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, mas não falaram sobre a Ucrânia.

Durante o encontro, Putin propôs a Erdoğan a construção de hub de gás natural russo na Turquia sem qualquer “cor política”. Também aproveitou o momento para denunciar que a Ucrânia tentou explodir o gasoduto Turkstream. “Graças a Deus, isso não aconteceu, está a funcionar com sucesso”, afirmou, citado pela RIA.

Nas últimas horas, o embaixador russo nas Nações Unidas em Genebra, Gennady Gatilov, disse que Moscovo enviou uma carta ao secretário-geral da ONU, António Guterres, em que ameaça romper o acordo vigente sobre a exportação de cereais.

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano já reagiu, acusando Moscovo de “jogar os jogos da fome ao ameaçar a iniciativa do Mar Negro”: “A Rússia está a fazer exatamente o que nós avisámos”, afirmou.

O que aconteceu durante a noite?

  • O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) garantiu que estão a “fazer progressos” para estabelecer uma zona de segurança em torno da central nuclear de Zaporíjia.

  • A Espanha vai enviar para a Ucrânia quatro sistemas de defesa antiaérea Hawk, avançou o Kyiv Independent. A notícia foi divulgada esta quinta-feira pelo secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, após Kiev ter pedido mais destes sistemas para se proteger dos ataques das forças russas.
  • Enquanto os ministros da defesa da NATO se reuniam em Bruxelas para discutir a situação da Ucrânia, dezenas de pessoas juntaram-se em frente à sede da aliança militar em protesto contra a guerra. Alguns envolvidos com bandeiras ucranianas, outros carregando cartazes com frases como: “A Ucrânia na NATO é igual à paz na Europa” e “NATO, impeçam o genocídio russo na Ucrânia”.
  • A Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa adotou por unanimidade uma resolução que declara como “terrorista” o atual regime russo, numa sessão com a presença virtual do Presidente ucraniano.
  • A Comissão Europeia exortou a Ucrânia a reconhecer o Tribunal Penal Internacional antes de se refletir sobre a criação de um tribunal especial para julgar crimes de guerra no país. O Presidente ucraniano tem exigido a criação de um tribunal especial para julgar crimes de guerra que diz terem sido cometidos pelas forças russas desde que invadiram o país.
  • Moscovo anunciou que vai ajudar os residentes a sair de Kherson. “O Governo tomou a decisão de organizar assistência para a partida de residentes para outras regiões. Proporcionaremos a todos alojamento gratuito e tudo o que for necessário”, revelou o vice-primeiro-ministro russo, Marat Khusnullin, durante uma entrevista à televisão estatal.
  • Um edifício residencial foi atingido por um ataque ucraniano na cidade russa de Belgorod, numa região que faz fronteira com a Ucrânia, acusaram as autoridades locais russas. “As forças armadas ucranianas bombardearam Belgorod. Defesa antiaérea ativada. Há destruição num prédio residencial”, avisou Vyacheslav Gladkov, governador da região.
  • O bombardeamento pelas forças russas de um edifício residencial de Mykolaiv provocou quatro mortos, segundo um novo balanço divulgado pelas autoridades da cidade do sul da Ucrânia. “Infelizmente, o número de vítimas no edifício destruído pelo exército russo está a aumentar”, disse a chefe do Conselho Regional de Mykolaiv, Hanna Zamazeyeva.

O que aconteceu durante a tarde?

  • A NATO vai entregar à Ucrânia “centenas” de inibidores para anular os drones de fabrico russo e iraniano que estão a danificar infraestruturas críticas no decurso dos ataques do Exército russo, avançou o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg.
  • Portugal vai enviar para a Ucrânia seis helicópteros Kamov, que estão sem licença para operar devido às sanções impostas à Rússia. Governo acredita que serão “muitíssimo úteis à Ucrânia”.
  • A Ucrânia e a Rússia revelaram que foram libertados 20 soldados de cada lado como parte de uma nova troca de prisioneiros. Na terça-feira, numa outra troca de prisioneiros, já tinham sido libertados 32 soldados ucranianos. Na altura, porém, as autoridades russas não divulgaram o número de militares que foram devolvidos.

  • O governador nomeado pela Rússia para a região controlada de Kherson apelou aos cidadãos para que saiam da cidade o mais rapidamente possível.
  • Volodymyr Kudrytskyi, chefe executivo do Ukrenergo — operador de eletricidade da Ucrânia –, revela que a energia do país voltou a ser restabelecida apesar de existirem trabalhos de reparação nas infrastruturas danificadas.
  • O Presidente francês, Emmanuel Macron, escreveu na sua conta pessoal do Twitter que não deseja uma “guerra mundial”. “Estamos a ajudar a Ucrânia a resistir e nunca a atacar a Rússia”, afirmou.

  • O Presidente russo propôs ao seu homólogo turco a construção de hub de gás natural russo na Turquia sem qualquer “cor política”. De acordo com Putin, um hub de gás natural na Turquia permitirá regular os preços, vender gás a preço de mercados e não aumentá-los exponencialmente.
  • O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) saudou a “mensagem muito forte da comunidade internacional” com a condenação pela Assembleia Geral da ONU das recentes anexações ilegais russas de territórios ucranianos.

O que aconteceu durante a manhã?

  • A Rússia convocou diplomatas da Alemanha, Dinamarca e Suécia para protestar contra a exclusão de representantes de Moscovo e da Gazprom na investigação às ruturas no gasoduto Nord Stream 2.

  • Volodymyr Zelensky apelou à criação de um “tribunal especial” para julgar os crimes de guerra de Vladimir Putin. Aproveitou também para voltar a pedir mais sistemas antiaéreos, afirmando que a Ucrânia tem apenas 10% dos sistemas de que precisa para defender o seu espaço aéreo.
  • O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que o seu objetivo é conseguir “quanto antes” um cessar-fogo na Ucrânia, apesar das dificuldades no campo de batalha, para impedir mais mortes.
  • O Presidente da Bielorrússia, Alexandr Lukashenko, acusou o Ocidente de estar a arriscar começar uma 3ª Guerra Mundial. “Depois da desintegração da União Soviética, o chamado Ocidente coletivo, embriagado pela sua vitória, perdeu o controlo, não cumpriu as suas funções de regulador global e garante da estabilidade. E todo o mundo está a pagar por isso”.
  • A França iniciou o abastecimento de gás natural diretamente para a Alemanha, no quadro do plano de solidariedade energética europeia implementado para superar o fim dos fluxos de energia da Rússia, disse a companhia GRTgaz.
  • O recente corte de quotas de produção de petróleo, por parte dos países membros da OPEP+, pode ser o fator decisivo a empurrar o mundo para uma recessão. O aviso é da Agência Internacional de Energia (AIE), em relatório divulgado esta quinta-feira.
  • As autoridades russas estão a preparar a retirada de civis da cidade de Kherson, antecipando que os combates cheguem à cidade. A informação é avançada pelo ministério da Defesa do Reino Unido, no seu ponto de situação diário sobre a guerra.

  • Alexander Venediktov, secretário do Conselho de Segurança da Federação Russa, disse que a adesão da Ucrânia à NATO pode desencadear a “Terceira Guerra Mundial”.
  • Antigo ministro das Finanças da Alemanha,, figura central da crise da dívida europeia, diz que, face à escassez de energia, alemães devem “choramingar menos”, vestir duas camisolas e acender velas.
  • A região de Kiev foi atingida por “drones kamikaze” russos, revelou o governador local, Oleksiy Kuleba, através do seu canal oficial no Telegram. “Tivemos ataques numa das comunidades da região. Foi há pouco, um ataque por drones kamikaze”, afirmou,