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O que fazer perante a crise energética, o aquecimento mais caro e as eventuais falhas de luz? “Vistam uma camisola, ou duas camisolas“, recomenda Wolfgang Schäuble, ex-ministro das Finanças da Alemanha e figura central da crise da dívida europeia, que pede aos seus concidadãos que “não sejam choramingas – é preciso reconhecer que há muita coisas que não podem ser tomadas como garantidas”.

Em entrevista à Bild-TV, o ex-ministro, atualmente com 80 anos, criticou quem olha para o próximo inverno com muito receio das temperaturas baixas, num contexto de escassez de energia e risco de cortes de eletricidade. E criticou, sobretudo, quem pede ao Estado que lhe traga uma solução.

“Se dermos a entender às pessoas que tudo é infinito (…) então elas vão ficar com a sensação de que o Estado pode fazer tudo – e isso não é sustentável”, afirmou Schäuble. Acima de tudo, acrescentou, “as pessoas deviam choramingar menos e reconhecer que há muitas coisas que não podem ser tomadas como garantidas”.

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Com vários líderes europeus a admitirem a possibilidade de falhas no fornecimento de eletricidade no inverno, Schäuble também desvaloriza esse risco: “É por isso que devemos sempre ter em casa algumas velas, fósforos e uma lanterna”.

Schäuble e a austeridade. “Hoje, penso como podíamos ter feito as coisas de forma diferente”

Wolfgang Schäuble, ministro de Angela Merkel entre 2009 e 2017, foi uma das figuras mais importantes da crise da dívida europeia, que começou em 2009/2010 com os problemas na Grécia. Em março de 2019, numa entrevista ao Financial Times, mostrou algum arrependimento por ter assumido o papel de “polícia mau” na gestão daqueles problemas.

“Bem… sinto-me triste, porque tive um papel em tudo isso. E penso como podíamos ter feito as coisas de forma diferente“. Em tom confessional, o ex-ministro das Finanças da Alemanha, mostrou algum arrependimento pela forma como a crise da dívida europeia foi gerida e pela pressão que foi colocada sobre os países mais endividados, sobretudo a Grécia. Diferente como? Schäuble não terá dito muito mais, mas assegurou continua a defender que “maior despesa pública não equivale automaticamente a um maior contentamento” entre as pessoas.

De um ponto de vista mais geral, o ex-ministro disse que muitos dos problemas da zona euro advêm da forma como o projeto europeu foi construído. O “pecado original” foi tentar criar uma moeda comum “sem que exista uma política económica, social e laboral comum” para todos os estados-membros. Mas, defende o alemão, os “pais-fundadores” quiseram avançar com a união monetária porque se estivessem à espera de maior união política nunca mais avançariam com nada.

O problema, agora, é que “a construção da União Europeia provou ser algo questionável”, “devíamos ter tomados mais passos no sentido da integração, mais cedo, porque agora não conseguimos convencer os estados-membros a dar esses passos, é impossível”.