O Presidente da Rússia deixou, esta sexta-feira, um aviso bem claro ao Ocidente: se houver um conflito entre a Rússia e a NATO, Vladimir Putin adverte que isso levará a uma “catástrofe global”. “Espero que aqueles que sugerem isso sejam espertos o suficiente para não tomar esses passos”, avisou.
Numa conferência de imprensa após a Conferência sobre Medidas de Fortalecimento da Confiança na Ásia em Astana, o chefe de Estado russo anunciou, citado pela RIA, que 222 mil das 300 mil pessoas convocadas por conta da mobilização parcial decretada em setembro já estão a ser treinadas. Por agora, Vladimir Putin rejeitou, tendo como base uma recomendação do Ministério da Defesa, aumentar esse número num futuro próximo.
Considerando estes dados, o Presidente da Rússia adiantou que a mobilização terminará daqui a duas semanas, elogiando a qualidade das forças que terá agora à disposição. Vladimir Putin justificou novamente a necessidade de enviar mais tropas para a Ucrânia, explicando ser “impossível” continuar a defender as linhas da frente “apenas pela força de soldados contratados”. “Portanto, houve a necessidade de mobilização.”
Questionado sobre as notícias que dão conta de que cinco soldados recém mobilizados já morreram na frente de guerra, Vladimir Putin desvalorizou o assunto. Em vez disso, preferiu destacar que “há militares com boa experiência que conhecem os assuntos, são especialistas de alto nível e classe”. No entanto, o chefe de Estado da Rússia prometeu “instruir o Conselho de Segurança a verificar” como está a preparação das tropas.
“Por enquanto”, não são necessários “mais ataques maciços” à Ucrânia
Sobre os “ataques maciços” de segunda-feira lançados a várias cidades ucranianas (e até a Kiev), Vladimir Putin garantiu que “não há necessidade de mais nenhum”. “Dos 29 alvos, sete não foram atingidos”, adiantou.
O Presidente russo voltou a defender a necessidade de lançar uma “operação militar especial” no país vizinho e afastou que o seu fim esteja para breve. “Foi a decisão correta e oportuna. A Rússia está a fazer tudo bem”, afirmou, descrevendo a destruição causada na Ucrânia como sendo “desagradável”. “Mas teríamos o mesmo desfecho um pouco mais tarde só que em piores condições para nós”, sublinhou, apontando depois o dedo ao regime de Volodymyr Zelensky
2,4 milhões de pessoas vivem na Crimeia e eles cortaram a água. As nossas tropas tiveram de entrar e retomar a circulação da água. Este é apenas um dos exemplos da lógica por detrás das nossas ações. Se a Ucrânia não tivesse tomada essa ação, não haveria resposta”, exemplificou Vladimir Putin.
Vladimir Putin não rejeitou por completo um futuro cessar-fogo, mas apenas quando a Ucrânia estivesse “pronta” para isso, acrescentando ainda que teria de ter “esforços de mediação” pela parte de outros países.
No que diz respeito ao acordo de cereais — que a Rússia ameaçou rasgar —, o Chefe de Estado russo não deu detalhes sobre se será renovado. “É verdade que parte desses cereais vão para os países mais pobres do mundo através da ONU, mas numa quantidade mínima”, referiu.
Putin fecha a porta a encontro com Joe Biden
Na política externa, Vladimir Putin aproveitou para deixar críticas à Alemanha, que cometeu um “erro” ao alinhar-se com a NATO e manter-se ao lado da Ucrânia. O líder russo salientou também não saber o que se passará com o futuro do gasoduto Nord Stream 2, afastando a responsabilidade de reparar os danos causados pela última explosão.
Ainda sobre a Alemanha, o Presidente russo assinalou que o apoio de Berlim à Ucrânia tem custos, principalmente para a economia e para a população, tendo ainda consequências económicas negativas para a zona euro.
O chefe de Estado russo avançou que ainda não sabe se estará ou não presente na cimeira do G20, a 15 e 16 de novembro, na Indonésia. Questionado sobre se haveria um encontro com o homólogo norte-americano à margem do evento, Vladimir Putin destacou que “não via a necessidade” de tal acontecer. Além disso, o Presidente da Rússia enfatizou que Joe Biden também precisa de decidir se “quer falar” com Moscovo.