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A cidade de Kiev acordou sob ataque na manhã desta segunda-feira. As forças russas terão usado drones kamikaze sobre a capital ucraniana e a Ucrânia não tem dúvidas de onde vem a ajuda ao regime de Moscovo. Para as autoridades ucranianas, os equipamentos têm origem iraniana, embora o governo do Irão se tenha apressado a negar a situação.
“Explosões em Kiev. A capital foi atacada por drones kamikaze”, escreveu Andriy Yermak, o chefe da gabinete do Presidente da Ucrânia, na sua conta de Telegram, na manhã desta segunda-feira, confirmando os ataques das forças russas de que a capital ucraniana foi alvo e que mataram, pelo menos oito pessoas.
“Os russos acham que isso os ajudará, mas essas ações são como uma agonia. Precisamos de mais sistemas de defesa aérea e o mais rápido possível. Não temos tempo para ações lentas. Mais armas para defender o céu e destruir o inimigo. Que assim seja”, acrescenta ainda Yermak no seu post.
O que são estas armas e quais as suas principais vantagens?
Trata-se de um drone de 200 quilos que é, normalmente, lançado aos pares, conta com uma ogiva e terá um alcance de cerca de 2 mil km, segundo o Guardian. Contudo, o jornal explica que na realidade a distância será de apenas algumas centenas de quilómetros e acrescenta que as forças ucranianas tiveram dificuldade em rastreá-los. Estes aparelhos podem suportar ainda uma carga de, aproximadamente, 50 quilos.
Os drones, sobretudo o modelo Shahed-136, surgem numa ilustração animada, utilizada como propaganda, publicada em março deste ano.
Estes drones têm a capacidade de esperar durante algum tempo numa área identificada como um potencial alvo, mas apenas atacam quando um ativo inimigo é identificado. São pequenos, portáteis e fáceis de lançar. As suas maiores vantagens são o facto de serem difíceis de detetar e de poderem ser disparados à distância.
Os drones são conhecidos como “kamikaze” porque são descartáveis. Ou seja, como o nome indica, também acabam destruídos quando atacam. Os drones militares mais tradicionais são maiores, mais rápidos e usados para lançar mísseis e depois regressarem à base, explica a CNN Internacional.
A meio da manhã de segunda-feira eram já 37 os drones kamikaze abatidos pelo exército ucraniano, segundo informações do Ministério da Defesa da Ucrânia publicadas na conta oficial no Twitter. “Nas últimas 13 horas, o exército ucraniano abateu 37 drones Shahed–136 iranianos e três mísseis cruzeiro lançados pelos terroristas russos”, lia-se na mensagem.
In the past 13 hours, #UAarmy shot down 37 Iranian Shahed-136 drones and 3 cruise missiles launched by russian terrorists.
— Defense of Ukraine (@DefenceU) October 17, 2022
São estes ataques uma novidade?
O uso destes aparelhos não é uma novidade nesta guerra. A Ucrânia diz que Moscovo tem usado drones kamikaze fornecidos pelo Irão em ataques contra Kiev, bem como em Vinnytsia, Odessa e Zaporíjia entre outros locais, nas últimas semanas, conta a CNN Internacional. Uma “novidade” no conflito que levou o governo ucraniano a pedir ao aos países do Ocidente ajuda à altura destes ataques. Segundo a cadeia norte-americana, o uso destes drones por parte da Rússia aumentou desde que o país invasor adquiriu novos equipamentos ao Irão durante este verão.
“Nos últimos três dias a Rússia levou a cabo 130 ataques com mísseis e drones kamikaze”, afirmou o Major General Isidro Morais Pereira no programa Gabinete de Guerra, na Rádio Observador. Os ataques desta segunda-feira em Kiev foram feitos por drones kamikaze “fabricados no Irão, vindos da Bielorrússia e ajudados por peritos vindos do Irão”, garantiu igualmente.
O que diz o Irão?
O Irão rejeitou acusações de ter fornecido à Rússia armas “para serem usadas na guerra na Ucrânia”, através do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Hossein Amir-Abdollahian, noticia a Sky News. Em comunicado, o ministro iraniano “enfatizou que a República Islâmica do Irão não forneceu nem vai fornecer qualquer arma para ser usada na guerra na Ucrânia”.
“Acreditamos que o armamento de cada lado da crise vai prolongar a guerra” disse o ministro iraniano numa chamada com o ministro dos Negócios Estrangeiros português, cita o mesmo meio britânico. “Nós não considerámos nem consideramos que a guerra seja o caminho correto seja na Ucrânia ou no Afeganistão, Síria ou Iémen.”
Na passada sexta-feira, dia 14 de outubro, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, falou ao telefone com o seu homólogo iraniano, Hossein Amir-Abdollahian. De acordo com um comunicado do Ministério português, Cravinho mostrou “forte preocupação quanto aos indícios recentemente veiculados sobre a utilização de drones iranianos por parte da Federação Russa em território ucraniano” e “sublinhou a necessidade” de que as autoridades iranianas garantam que “estes equipamentos não sejam fornecidos à Rússia”, como auxílio na invasão da Ucrânia iniciada em fevereiro.
A preocupação sobre se o Irão estará ou não a fornecer armas à Rússia será um dos tópicos a discutir entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia esta segunda-feira, numa reunião no Luxemburgo.
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