A 33.ª cimeira ibérica arrancou esta sexta-feira com honras militares e a receção das comitivas dos governos de Portugal e Espanha na Praça da República de Viana do Castelo.
O Primeiro-Ministro português, António Costa, ao lado do presidente da câmara de Viana do Castelo, o também socialista Luís Nobre, recebeu o homólogo espanhol, Pedro Sánchez, por volta das 11h.
As duas comitivas, que integram 18 ministros dos dois governos, ouviram depois dos hinos de Espanha e Portugal, a que se seguiu uma cerimónia militar e a apresentação dos membros dos executivos que participam na cimeira de sexta-feira.
Estão em Viana do Castelo nove ministros de cada governo, com as pastas da energia, ambiente, transportes, obras públicas, igualdade, administração interna, negócios estrangeiros e coesão territorial.
Dezenas de pessoas assistiram em silêncio à cerimónia formal de arranque da cimeira, após a qual os dois primeiros-ministros iniciaram um passeio pelo centro histórico de Viana de Castelo.
No início deste passeio — que durou cerca de 50 minutos, ultrapassando os 10 minutos inicialmente previstos no programa — Costa e Sánchez visitaram o museu do Traje, na praça da República.
À porta, vários populares esperavam pelos dois primeiros-ministros, com alguns a comentarem que, se fosse o Presidente da República a visitar a cidade, “haveria o dobro das pessoas”.
À saída do museu, na rua de Manuel Espregueira, Costa e Sánchez acenaram e cumprimentaram populares, antes de entrarem na pastelaria Natário, conhecida pelas suas bolas de Berlim.
“É uma honra ter aqui o primeiro-ministro [português], e o espanhol também, claro”, comentou um senhor.
Enquanto os dois primeiros-ministros se encontravam na pastelaria, alguns militantes do Fórum Cívico Ibérico desenrolaram um cartaz em que se lia “Por uma aliança ibérica”, sendo rapidamente desmobilizados pela polícia, que os encaminhou para uma zona que não se encontrava no trajeto de Sánchez e de Costa.
Acompanhados pelo presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Luís Nobre, os dois chefes de executivo desceram depois a avenida dos Combatentes da Grande Guerra até à praça da Liberdade, onde descerraram uma placa alusiva à 33.ª cimeira luso-espanhola.
Sempre rodeados por um forte dispositivo de segurança, Costa e Sánchez tiraram várias fotografias e selfies na praça, antes de entrarem no carro que os levou até ao Hotel Santa Luzia, onde decorre a 33.ª cimeira luso-espanhola.
À chegada à pousada, Costa foi questionado se as bolas de Berlim da pastelaria Natário são boas, tendo respondido: “Ainda se faz essa pergunta?”.
Portugal e Espanha reúnem-se esta sexta-feira numa cimeira ibérica para a aprofundar “excelentes” e “intensas” relações bilaterais, avançar na estratégia transfronteiriça e reforçar publicamente a sintonia no quadro europeu, como acontece com a energia, segundo os dois governos.
A 33.ª cimeira luso-espanhola, em Viana do Castelo, tem como tema a inovação, e antes da abertura formal da cimeira os dois primeiros-ministros, António Costa e Pedro Sánchez, visitaram o Laboratório Ibérico de Nanotecnologia de Braga, onde assistiram à assinatura de um acordo entre universidades portuguesas e espanholas para a criação de um laboratório ibérico na área da segurança alimentar.
O objetivo é criar no território ibérico um laboratório de excelência na área alimentar.
O Iberian FoodTec Lab (IFL) foi constituído sob a forma de consórcio, numa cerimónia que contou ainda com a presença da ministra da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, e da sua homóloga espanhola, Diana Morant, bem como da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e da secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Isabel Ferreira.
Segundo informação disponibilizada pelo consórcio, “o IFL irá apostar no desenvolvimento do setor em ambos os países, com base nos seus recursos endógenos, para consolidar os clusters alimentares na região do Norte de Portugal, Galiza e Castela e Leão”.
Promover iniciativas de investigação multidisciplinar, elaborar diagnósticos sobre a situação alimentar naquelas regiões, contribuir para o desenvolvimento e implementação das políticas públicas, favorecer o intercâmbio de experiências e o diálogo entre instituições académicas, empresas e organismos internacionais, e promover uma alimentação sustentável equitativa e saudável são os objetivos da parceria.
O consórcio envolve 10 parceiros promotores: Instituto Politécnico de Bragança, Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, Universidade de Vigo, Universidade de Salamanca, Universidade de Valladolid, Universidade do Minho, Universidade Católica Portuguesa, Universidade do Porto, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
Sem quaisquer declarações aos jornalistas, António Costa e Pedro Sánchez visitaram o INL e tiveram uma pequena conversa com três investigadores, tendo ainda sido “brindados” com um quadro de Miró impresso numa wafer de silicone.
Depois da cerimónia oficial de abertura na praça da República de Viana do Castelo e de um passeio dos dois primeiros-ministros pelo centro histórico de Viana do Castelo, a cimeira segue com reuniões de trabalho e uma sessão plenária.
No final, serão assinados vários acordos, na área da ciência, das ligações rodoviárias e da cooperação transfronteiriça nas áreas do turismo, da emergência médica e da cultura, entre outras.
A cimeira termina com uma conferência de imprensa conjunta de António e Costa e Pedro Sánchez.