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Na semana passada, as tropas russas anunciavam o fim da retirada da cidade de Kherson, estabelecendo as suas posições na margem esquerda do rio Dnipro. Assim chegavam ao fim os oito meses de ocupação da cidade, com os militares ucranianos a serem recebidos num ambiente de festa. Após mais de 200 dias sob controlo russo na cidade, começam a surgir relatos de enterros em massa e de câmaras de tortura.

“É nosso.” Ucranianos regressam a Kherson e a festa toma conta das ruas

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“Há provas” de enterros em massa num cemitério em Kherson. Quem é o diz é Anton Gerashchenko, deputado ucraniano e conselheiro do Ministério do Interior. Através da conta oficial do Twitter, partilhou imagens captadas por jornalistas da Radio Svoboda, que mostram longas fileiras de campas, algumas assinaladas com cruzes.

“Algumas campas têm assinaladas as datas da morte (…). Por agora ainda não é claro o número de pessoas que foram aqui enterradas”, escreveu na publicação.

Uma investigação da Sky News revelou que durante a ocupação russa terão surgido entre 1.900 a 2.000 novas campas nesse cemitério. Os dados têm por base uma análise de imagens de satélite captadas a 28 de fevereiro – dois dias antes das tropas russas tomarem controlo de Kherson – e a 10 de novembro, um dia antes da retirada russa da cidade.

Para já ainda não são conhecidas as causas da morte das pessoas enterradas no cemitério, mas em alguns casos poderão ter resultado de ataques aéreos, aponta o jornal britânico. Este não é um caso único, apenas o mais recente. Em setembro, as autoridades ucranianas descobriram mais de 400 sepulturas numa floresta perto de Izium. No mesmo mês eram detetadas mais 1.500 sepulturas na cidade de Mariupol.

Mais de 400 corpos, muitos deles com sinais de “morte violenta”. O que se sabe sobre o cemitério em massa de Izium 

Também começam a surgir relatos de abusos, violência e tortura. Vários residentes descreveram ao New York Times terem sido levados para câmaras de tortura, em algumas situações apenas por publicarem poemas patrióticos. Ao The Guardian, alguns civis revelaram que os russos transformaram um centro de detenção juvenil numa prisão, para onde eram levados os que recusavam colaborar ou aqueles que se envolviam em atividades de resistência.

Cinco testemunhas relataram como, passadas seis semanas da ocupação russa, começaram a ouvir-se gritos da prisão improvisada. Nunca viram os rostos dos homens no poder, sempre tapados por balaclavas, mas garantem que viam como os russos levavam as pessoas de cabeças tapadas e como por vezes removiam cadáveres das instalações.

Esta quarta-feira, os serviços de segurança ucranianos (SBU) divulgaram que foi descoberta uma câmara de tortura em Kherson. Em comunicado, a agência refere que foram encontrados “objetos que indicam diretamente sinais de tortura”.

Os residentes de Kherson foram brutalmente interrogados e torturados”, diz o SBU.

Os militares russos mantinham “patriotas locais que se recusaram a colaborar com o inimigo em condições desumanas”. As autoridades já iniciaram uma investigação para documentar todos os crimes.