O primeiro-ministro António Costa defendeu a importância do jornalismo profissional no combate às fake news, classificando-se como “o verdadeiro teste PCR” para combater a “infodemia” que o mundo vive atualmente.

No discurso de abertura da CNN Portugal Summit, o primeiro-ministro optou por destacar o papel do jornalismo como “vacina contra os populismos”, mas alertou para um “risco” — tanto para os media como para alguns adversários políticos.

“Querendo concorrer em vez de marcar a diferença, o jornalismo corre o risco de se indiferenciar relativamente àquilo que é a infodemia que corre nas redes sociais“, disse, acrescentando que “o original” passa a ser “o fake do fake”. É o que acontece na política a muitos partidos da direita democrática relativamente à direita populista”, acrescentou, naquilo que era uma farpa clara que tinha PSD e Chega como destinatários.

Costa aproveitou ainda o momento para defender duas posições relativamente à política externa do país, à boleia da guerra da Ucrânia. A primeira foi uma reforma do Conselho de Segurança da ONU, clarificando o tipo de alterações defendidas por Portugal; a segunda foi o reafirmar da oposição nacional à adesão da Ucrânia à União Europeia (UE).

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“O secretário-geral [das Nações Unidas] tem sido incansável, mas, manifestamente, o mundo de hoje não é o mundo de 1945”, afirmou o primeiro-ministro, destacando a importância de reconhecer o papel de alguns países como a Índia e a Turquia. “Temos de ter em conta que as Nações Unidas têm de espelhar uma nova representividade do mundo na governance das Nações Unidas”, disse, defendendo assim o alargamento da composição do Conselho de Segurança. Mas com uma ressalva: “Não pode ter direito a veto quem é parte de um conflito”.

Relativamente à adesão da Ucrânia à UE, António Costa afirmou taxativamente que a Europa “não tem condições para cumprir as expectativas que agora está a criar”. E deu duas razões para isso: se, por um lado, essa adesão não se concretizar, “o efeito ricochete será um enorme drama”, semelhante ao que aconteceu com a Turquia; se avançar, a UE “terá de se reestruturar”, já que “claramente não há condições institucionais nem orçamentais” neste momento para tal adesão, diz.

O primeiro-ministro defendeu ainda que a crise energética provocada pela guerra deve servir de ímpeto para reforçar o combate às alterações climáticas. “É relativamente animador não se ter concluído a COP27 num bloqueio. Mas é relativamente desanimador que o acordo se tenha feito em mínimos, quando neste momento o que precisamos de fazer é em máximos. Precisamos mesmo de acelerar esta transição”, decretou, apontando que a dependência energética é uma ameaça “à segurança dos Estados”.