A organização internacional para a conservação dos oceanos Oceana urgiu esta sexta-feira a União Europeia a tomar medidas que reponham as reservas de peixe para níveis sustentáveis, como as do bacalhau, espécie ameaçada pela pesca excessiva.
Num relatório divulgado esta sexta-feira, a Oceana identifica, com base em dados científicos recentes, as 25 reservas piscícolas mais reduzidas no Atlântico Nordeste, incluindo à cabeça, numa lista de 12 espécies, o bacalhau, com nove stocks pesqueiros em baixa, distribuídos designadamente pelos mares Celta, Báltico, da Irlanda e do Norte (faixas do oceano Atlântico).
A maioria destes ‘stocks’ é gerida principalmente pela União Europeia e pelo Reino Unido, mas “apenas tentativas muito limitadas foram feitas para aplicar medidas para a sua recuperação“, como restrições à sua captura, denuncia a organização não-governamental no relatório “As reservas pesqueiras mais reduzidas no Atlântico Nordeste”.
Segundo um comunicado da Oceana, “a situação é tão alarmante que, na maioria dos casos, os cientistas aconselham que as capturas sejam fortemente reduzidas ou totalmente interrompidas para facilitar a sua recuperação e exploração sustentável”.
A pesca excessiva é apontada no relatório como a principal razão para a diminuição das reservas para níveis considerados insustentáveis. Normalmente, as espécies ameaçadas são capturadas juntamente com outras espécies em pescarias mistas.
Face ao diagnóstico traçado, a Oceana exige “políticas e medidas adequadas” por parte dos decisores na região do Atlântico Nordeste, como União Europeia e Reino Unido, nomeadamente a definição dos limites de captura de acordo com os pareceres científicos, a proteção de ‘habitats’ de espécies essenciais, o bloqueio do aumento da capacidade pesqueira das embarcações que capturam reservas reduzidas e a adoção de estratégias plurianuais para a recuperação de ‘stocks’.
Além do bacalhau, o relatório inclui na lista das reservas de espécies piscícolas do Atlântico Nordeste mais reduzidas o biqueirão, o maruca azul, a enguia, o arenque, o carapau, a sardinha, o badejo, o galeota, o lagostim, o peixe-relógio e o peixe vermelho.
“As populações destes peixes estão tão gravemente reduzidas que a sua capacidade reprodutora também está comprometida, colocando-as em risco de desaparecer”, adverte a Oceana no comunicado, realçando que “as decisões de gestão tendem a dar prioridade às populações mais produtivas, o que resulta em capturas acessórias das populações menos abundantes e mais vulneráveis, em níveis demasiado elevados para lhes permitirem recuperar”.