Três meses depois de Rivian e Mercedes terem anunciado a assinatura de um memorando de entendimento com vista à produção de furgões eléctricos em parceria, o construtor norte-americano de veículos eléctricos suspendeu as negociações, com a justificação de que outros interesses se levantam.

Em comunicado emitido esta segunda-feira, a empresa liderada por RJ Scaringe, adianta que prefere dar prioridade a “oportunidades a curto prazo mais atraentes para maximizar o valor da Rivian”. Com a decisão agora anunciada, o construtor da pick-up R1T e do SUV R1S, ambos eléctricos e vistos no mercado como modelos capazes de se bater taco a taco com as propostas da Tesla, descarta-se de um investimento que lhe facilitaria a entrada na Europa num outro segmento do mercado, o dos ligeiros de mercadorias ou de passageiros 100% a bateria. Recorde-se que a startup norte-americana tem ainda uma segunda plataforma específica para montar baterias e motores eléctricos, arquitectura essa que está na base da Rivian Light Van, o furgão que a marca vai produzir em larga escala para fornecer à Amazon.

Mercedes e Rivian juntam-se para produzir furgões eléctricos

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A potencial joint venture, que foi anunciada há apenas três meses, supunha que Rivian e Mercedes dividissem custos para aumentar rapidamente a produção, partilhando tecnologia e uma das fábricas da marca da estrela. Segundo o construtor de Estugarda, a unidade produtiva que seria operada em conjunto com a Rivian é a de Jawor, na Polónia, de onde sairão a partir de 2025 comerciais eléctricos.

A plataforma da Rivian R1T e do R1S

Dado que a Rivian não pretende prosseguir com o que estava estipulado no memorando de entendimento, a Mercedes vê gorada a possibilidade de aceder à tecnologia e ao know-how da marca norte-americana, pelo menos num horizonte próximo. Fica em standby o acordo que lhe permitiria aceder à base da Rivian Light Van e contar com os inputs da Rivian para optimizar o desenvolvimento da plataforma VAN.EA, em que a Mercedes está a trabalhar. Não obstante, o construtor de Estugarda disse compreender a inesperada marcha-atrás da Rivian. “Respeito e entendo a decisão da Rivian”, declarou o responsável da Mercedes-Benz Vans, Mathias Geisen, sublinhando que a colaboração que foi comunicada em Setembro teve por base “uma paixão em comum pela engenharia e um forte espírito de parceria”. Apesar deste revés, o construtor alemão vai prosseguir com a ampliação da fábrica polaca, onde produz motores de combustão desde 2019 e monta packs de baterias desde 2020.

Recorde-se que a Rivian não é estreante em abortar projectos conjuntos. A Ford foi um dos seus primeiros e maiores investidores (para cima de 1,2 mil milhões de dólares), demonstrando acreditar no potencial tecnológico da Rivian. Mas esta acabou por desistir dos planos de fabricar um SUV eléctrico em conjunto com a Ford, que ostentaria o emblema da Lincoln.

No trimestre passado, a Rivian produziu 7363 veículos na sua fábrica em Normal, Illinois, e entregou 6584 unidades, de acordo com a Reuters. A meta de produção para 2022 está fixada em apenas 25.000 veículos. Sucede que mais de 12.000 veículos foram alvo de um recall, o que pouco abona a imagem do construtor.