Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que Portugal deve assumir o papel que desempenhou no massacre de Wiriyamu, em que soldados portugueses mataram centenas de moçambicanos naquela cidade da província de Tete a 16 de dezembro de 1972. Estima-se que pelo menos 385 pessoas morreram às mãos dos portugueses neste massacre durante a guerra pela independência de Moçambique.

“É tempo de assumirmos em plenitude o que foi a inaceitável e terrível obra de alguns, mas acabou por responsabilizar, como um todo, Portugal”, defendeu a Presidência da República numa nota publicada no site oficial.

“Interna e externamente, Wiriyamu em si mesmo e no conhecimento posterior dos seus contornos – foi um golpe mortal para a ditadura e para a sua política africana e uma afronta intolerável para as nossas Forças Armadas e para Portugal”.

A Presidência da República defendeu que Wiriyamu “foi um sinal do desespero nesses dias do fim” da ditadura porque “abalou toda a clássica argumentação da posição oficial do poder de Lisboa, bem como a alegada legitimação do regime e da situação colonial”. Marcelo Rebelo de Sousa refere-se ao massacre como uma “afrontosa violação dos direitos humanos” e condenou a “frustrada tentativa de a ocultar”.

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Em 1972, os movimentos pró-democráticos e o falhanço do regime em aprovar uma revisão da Constituição de 1933, aliados ao agravamento da situação na Guiné-Bissau, seriam um passo importante para que a ditadura começasse a fracajar. O massacre de Wiriyamu foi uma tentativa frustrada de alimentar uma narrativa que, defende a Presidência da República, já estava moribunda.

Marcelo Rebelo de Sousa associa-se assim a Augusto Santos Silva, que esta sexta-feira também condenou o massacre de Wiriyamu no Parlamento. O tema, de resto, motivou uma acesa troca de argumentos entre o presidente da Assembleia da República e André Ventura.

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