Depois de acabar com a política conhecida como “Covid zero”, a China está neste momento a passar por um período de aumento exponencial de casos e, pela primeira vez, admitiu que os números de infeções e de mortes provocadas pela Covid-19 podem ser muito mais elevados do que aqueles que têm sido anunciados pelas autoridades de saúde chinesas. “Temos uma base enorme e, por isso, o que as pessoas sentem é que os casos graves, os casos intensivos ou as mortes estão a aumentar”, disse Jiao Yahui, diretora do Departamento de Assuntos Médicos da Comissão Nacional da Saúde, citada pelo Times.

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“Agora, a proporção da epidemia em Xangai é muito ampla, e pode ter atingido 70% da população, que é entre 20 e 30 vezes mais do que em abril e maio“, acrescentou Jiao Yahui.

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No início de dezembro, a China decidiu começar a abandonar todas as restrições relacionadas com a pandemia — depois de dois anos de uma política de “Covid zero”, com obrigatoriedade do uso de máscaras, sucessivos confinamentos, testagem em massa e quarentena obrigatória para todas as pessoas que chegam do estrangeiro, que podia chegar a ser de três semanas. Aliás, esta última restrição tem fim a 8 de janeiro. Com o alívio destas medidas, o número de casos voltou a aumentar e, pelo meio, o governo chinês deixou de publicar relatórios diários com o número de casos e de mortes.

Jiao Yahui disse ainda que esta é uma batalha “muito difícil” e admitiu que os serviços de saúde estão a colapsar. “Algumas clínicas viram o número de pacientes subir dez vezes. Um médico viu até 150 pacientes numa noite”, acrescentou a responsável.

Neste momento, apesar das palavras de Jiao Yahui, os números reais das infeções na China não são conhecidos. A contagem oficial aponta para cerca de cinco mil casos diários, mas a agência Bloomberg fala em 250 milhões de infeções só nas primeiras três semanas de dezembro. Já sobre as mortes, os dados oficiais apontam para 13 mortes relacionadas com a Covid-19 durante o mês de dezembro. Na China, são registados apenas os óbitos de quem que morrem com doenças respiratórias causadas, exclusivamente, pelo vírus e, por isso, o número de mortes é muito inferior ao registado noutros países. 

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Mas o número de infeções deverá aumentar. A celebração do Ano Novo Chinês é uma preocupação para o governo chinês e para as autoridades de saúde, que já lançaram vários alertas sobre as deslocações entre os dias 21 e 27 de janeiro. A empresa de bases de dados de saúde britânica Airfinity prevê que o pico de infeções na China deverá ser atingido a 13 de janeiro, com 3,7 milhões de casos positivos por dia.

Já o Presidente chinês, Xi Jinping, reconheceu que o combate à pandemia “está a entrar numa nova fase”. “Com esforços extraordinários, prevalecemos sobre dificuldades sem precedentes e desafios, e não foi uma jornada fácil para ninguém”, admitiu na passada sexta-feira, apesar de não mencionar diretamente o problema do aumento do número de infeções. Xi Jinping criticou ainda as restrições impostas por países como os Estados Unidos, Itália, Espanha e Reino Unido, que tornaram obrigatória a apresentação de teste negativo no aeroporto.

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