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Em dezembro, o chefe dos serviços de informações da Ucrânia visitou a cidade ucraniana de Bakhmut (região de Donetsk), onde se concentram combates intensos entre as tropas de Kiev e Moscovo. O que Kyrylo Budanov viu durante o encontro com os militares ucranianos deixou-o em choque.

Na cidade transformada em “ruínas queimadas” – nas palavras do Presidente Volodymyr Zelensky -, as forças russas estão a empilhar os cadáveres dos companheiros mortos numa tentativa de se escudarem dos ataques ucranianos, revelou Budanov em entrevista à emissora norte-americana ABC News.

Na linha da frente, os militares mostraram-lhe uma secção onde os cadáveres são apinhados, “como algo que se vê nos filmes”. “Há centenas de cadáveres a apodrecer em campo aberto. Em alguns lugares são empilhados no topo de outros corpos como uma espécie de parede”, afirmou. “Quando as tropas russas atacam nesses campos, usam esses cadáveres como um escudo“. Mas a estratégia, aponta, “não está a resultar”.

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Ucrânia não assume autoria de ataques a bases russas mas prevê ações semelhantes

Segundo Budanov, o stock de armas da Rússia está a esgotar-se, alegação que tem sido repetida pelas autoridades ucranianas nos últimos meses. O exército russo vê-se, assim, obrigado a recorrer a armas “mais baratas”. Exemplo disso é o recurso a drones iranianos Shahed, usados nos recentes ataques contra as infraestruturas civis e energéticas na Ucrânia.

O Irão tem negado ter fornecido este tipo de armas à Rússia, admitindo apenas a entrega de um fornecimento antes do início da invasão. Em resposta, a Ucrânia tem apostado nos sistemas de defesa antiaérea modernos enviados pelos países aliados e nos primeiro dias de 2023 conseguiu abater 84 drones.

Março será “quente”: Ucrânia prepara contraofensiva na primavera

Depois das contraofensivas para recuperar Kharkiv (norte), em setembro, e Kherson (sul), que culminou com a retirada russa da cidade em novembro, a Ucrânia planeia agora uma nova investida durante a primavera.

À ABC, o chefe dos serviços de informações ucranianos disse ainda que o país está a preparar uma contraofensiva, prevendo que o mês com combates mais “quentes” será em março.

Depois de Kiev e Kharkiv, Kherson é a terceira “derrota tremenda” de Putin. Mas porque pede Zelensky contenção?

“É nessa altura que veremos a libertação de mais territórios e as últimas derrotas da Federação Russa”, afirmou. Esse é um cenário que será visível em toda a Ucrânia, “desde a Crimeia ao Donbass”.

Budanov sublinhou que o país não vai abdicar de um único centímetro de território, assinalando que o objetivo é regressar às fronteiras de 1991 – que incluem a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.

Descrevendo o regime de Vladimir Putin como “motivo de chacota para todos”, disse ainda que a ideia de que a Rússia é uma ameaça militar para o mundo não passa agora de uma “história exagerada”.

Putin terá cancro e deverá morrer “rapidamente”, mas a guerra vai acabar primeiro

Os rumores de que o Presidente Vladimir Putin está doente não são novos e as teorias são muitas. Mas está o líder russo realmente doente? “Claro”. A resposta, curta, clara e com poucas explicações é de Budanov.

Questionado pela ABC sobre se Putin está em estado terminal, o chefe dos serviços de informações garantiu que sim. Não é, na verdade, a primeira vez que faz este tipo de declaração. No início de maio, já tinha assegurado que o Presidente russo estava “muito doente” com cancro.

Cancro, perda de visão e tremores no corpo. Aumentam as suspeitas de que Vladimir Putin “está perto do fim”

Na entrevista ao canal norte-americano, divulgada esta quarta-feira, Budanov mantém que Putin está doente há “um longo período” de tempo e antecipa que virá a morrer “rapidamente”. “Assim, espero”, afirmou, seguido de uma risada.

Budanov disse ainda que as autoridades ucranianas acreditam que Putin tem cancro, mostrando-se, contudo, reservado quanto à forma como chegaram a essa conclusão. A Ucrânia não espera a morte do líder russo para pôr um termo à guerra e antecipa que o conflito acabará antes disso. Budanov promete que já não falta muito para esse desfecho: a “vitória” será em 2023.