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O alto-representante para os Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) anunciou esta quarta-feira a criação de um centro para recolher e partilhar “ameaças provenientes da desinformação” para contrariar manipulações da Rússia e outros países.

“Os regimes autoritários tentam criar desinformação e manipulá-la. Criámos instrumentos para detetar e revelar esta manipulação (…), mas não é suficiente e precisamos de ir mais longe”, disse Josep Borrell, no início da conferência “Além da Desinformação: Respostas da UE para a Ameaça Estrangeira da Manipulação da Informação”, em Bruxelas (Bélgica).

Desde o início da guerra na Ucrânia que o Kremlin “abandonou por completo os factos” e “mobilizou todos os instrumentos para propagar a desinformação” e fazer uma “distorção sistemática da realidade para desviar as atenções da sua invasão“, acusou.

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“Por isso, quero anunciar que vamos criar um centro de recolha de informação, de recolha de ameaças provenientes da desinformação e manipulação da informação”, anunciou o chefe da diplomacia europeia.

Josep Borrell referiu que o centro, que ainda não tem uma data prevista para iniciar funções, vai ter o propósito de agregar “as causas, os incidentes e ameaças, e partilhar conhecimento e experiências” entre os Estados-membros da União Europeia e não só: “Não é apenas na UE, é também em África, na América Latina e na Ásia.”

Borrell deixou de parte dos Estados Unidos, um país onde nas duas últimas eleições presidenciais a desinformação para condicionar os eleitores foi uma das principais ameaças.

As delegações da UE em vários pontos do planeta vão ter “especialistas em desinformação” para ajudar as equipas no terreno e os governos locais a combater este flagelo, acrescentou.

Voltando-se para a invasão russa na Ucrânia, o alto-representante da UE para os Negócios Estrangeiros acrescentou que o Kremlin criou uma narrativa de que “as Forças Armadas da Ucrânia são apenas unidades paramilitares neonazis a cometer crimes contra a população, incluindo crianças”, e que está a tentar fazer valer esta ideia “sob o mote” parem de matar no Donbass'”.

Isto não é novo, completou Borrell, “(Joseph) Goebbels já o tinha inventado” durante a II Guerra Mundial e na opinião de Borrell é isso que Moscovo está a fazer: “Quando alguém está em guerra também tem de esconder à sua população quais são as baixas. Qualquer pessoa a tentar dizer a verdade é imediatamente considerada uma ameaça estrangeira.”

Combater a estratégia de desinformação da Rússia faz parte do objetivo de “apoiar a Ucrânia por todos os lados”.

Borrell anunciou também que conversou com os responsáveis pelo Twitter, inclusive Elon Musk, para aprofundar a “partilha de dados” entre Bruxelas e aquela rede social e pedir “mais transparência e responsabilização” pelas consequências que a propagação de falsas informações pode ter na vida das pessoas.

“A propaganda é uma arma da Rússia”, exortou.