Siga aqui o nosso liveblog sobre a guerra

O PCP considerou esta terça-feira que o pacote de dois mil milhões de euros aprovado pela União Europeia para produzir munições para a Ucrânia “instiga a guerra” e tem o objetivo de “levar à destruição, levar mais mortos” para o povo ucraniano.

Em declarações aos jornalistas à margem de uma visita ao Instituto Gulbenkian da Ciência, em Oeiras, o líder do PCP, Paulo Raimundo, considerou que o pacote de dois mil milhões de euros, aprovado na segunda-feira pela União Europeia, para produzir e disponibilizar munições de grande calibre à Ucrânia, visa “instigar a guerra”.

UE chega a acordo para plano conjunto de compra de munições para a Ucrânia avaliado nos 2 mil milhões de euros

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Até me deixa um bocado perplexo como é que a gente se sente satisfeita com medidas que têm exatamente a intenção disso, que é continuar a guerra, levar à destruição, levar a mais mortos, em particular para o povo ucraniano, mas não só. Não percebo qual é a lógica desse caminho militarista perturbador“, referiu Paulo Raimundo.

Paulo Raimundo defendeu que, neste momento, são necessárias medidas “para o caminho da paz”, e não pôr “mais gasolina no fogo”.

Questionado sobre a participação de Portugal neste pacote de apoio, Paulo Raimundo disse que lhe custa “a forma descomprometida” com que se tomou esta decisão e acusou o Governo de ignorar a Constituição.

“Isto não é o faroeste. O Governo português tem uma lei fundamental que o condiciona. (…) A nossa Constituição, aquilo que determina é que o papel do Estado, dos órgãos de soberania e do Governo também é construir os caminhos da paz e da cooperação”, referiu.

O dirigente comunista instou assim o executivo a “responder àquilo que é a lei fundamental” e fazer “tudo o que está ao seu alcance, depositar tudo o que está ao seu alcance, para construir os caminhos da paz”.

“É isso que os povos precisam, não precisam de mais guerra“, vincou.

Questionado se o PCP é “a favor de Putin e da guerra” — depois de o jornal russo Novaya Gazeta ter apontado o PCP como o partido que mais se absteve ou votou contra resoluções do Parlamento Europeu a condenarem o Kremlin —, Paulo Raimundo mostrou-se “muito ofendido” e afirmou que é “uma das coisas mais ridículas que se ouviu até hoje”.

“Se há coisa que por um lado não nos podem acusar é de ser a favor da guerra, pelo contrário. Tudo aquilo que disse agora é exatamente ao contrário: a favor da guerra é quem decide e fica todo contente por mandar dois mil milhões de euros em munições para a guerra, esses é que são a favor da guerra”, frisou.

O secretário-geral do PCP referiu ainda que o partido irá sempre apoiar “todas as resoluções sobre a verdade”, acrescentando que “a verdade não é que o Kremlin é mau ou o Kremlin é bom”.

“A verdade é que há três intervenientes na guerra, de forma muito clara: a Rússia, os Estados Unidos, a NATO e a União Europeia, e que isso não pode ser posto debaixo do tapete, porque se não se perceber quem é que intervém na guerra, dificilmente se encontrarão os caminhos da paz”, destacou.

O dirigente comunista acrescentou ainda que, se o seu partido “mandasse alguma coisa de forma decisiva, esta guerra nunca deveria ter começado”.

Na segunda-feira, os 27 Estados-membros da UE aprovaram um pacote de dois mil milhões de euros para produzir e disponibilizar munições de grande calibre à Ucrânia.

Os dois mil milhões de euros têm como propósito a produção de munições de 155 milímetros que a Ucrânia pediu há semanas para continuar a repelir a invasão da Federação Russa, que começou há mais de um ano.

Segundo avançou a ministra da Defesa, Helena Carreiras, Portugal vai ser um dos 18 Estados europeus a integrar esse projeto para aquisição conjunta de munições para a Ucrânia.