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Ao 411.º dia de guerra na Ucrânia, todas as atenções estão viradas para a divulgação do que se acredita ser um vasto conjunto de documentos confidenciais do Pentágono – documentos cuja autenticidade os EUA não confirmam e estão a investigar. No terreno, a Ucrânia acusa a Rússia de estar a usar táticas de “terra queimada” em Bakhmut. Dia ainda marcado por mais uma troca de prisioneiros entre os dois lados do conflito — ao todo foram 206 (100 ucranianos, incluindo combatentes de Azovstal, e 106 russos).

Estes são os principais destaques noticiosos a meio do dia. Veja aqui um resumo das notícias mais relevantes:

O que se passou durante a noite:

  • Os Estados Unidos declararam formalmente que Evan Gershkovich, jornalista do Wall Street Journal preso na Rússia sob acusações de espionagem, foi “detido indevidamente” por Kiev, abrindo caminho a que a libertação do jornalista seja resolvido pelos canais diplomáticos de Washington;
  • Numa mensagem no Telegram, a porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, veio acusar os britânicos de quererem tornar todo o território ucraniano numa terra queimada “igual a Prypyat e Chernobil”;
  • A fuga de documentos classificados norte-americanos, designadamente relacionados com a Ucrânia e que na sua maioria parecem autênticos, coloca um risco “muito grave” para a segurança nacional dos EUA, considerou hoje o Pentágono;
  • Na Alemanha, várias pessoas aproveitaram o período da Páscoa para protestar contra o envio de armas à Ucrânia. A manifestação pela paz teve como objetivo instar o governo alemão a deixar de produzir armas para uso no conflito, e para este se focar antes em procurar um acordo de paz com Moscovo.
  • O fundador da Virgin Galactic, Richard Branson, encontrou-se hoje com Volodymyr Zelensky em Kiev. Branson tornou-se recentemente embaixador da UNITED24, a plataforma oficial de angariação de fundos da Ucrânia;
  • O opositor russo Vladimir Kara-Murza, em prisão preventiva há um ano e acusado de alta traição, entre outros delitos, assegurou esta segunda-feira em tribunal que não se arrepende de nada, a uma semana da justiça russa proferir um veredicto.
  • A presidente da Moldova, Maia Sandu, convocou esta segunda-feira uma manifestação europeísta para 21 de maio com o objetivo de contrariar as forças que querem dividir o país aproveitando a campanha militar russa na Ucrânia.

O que se passou durante a tarde:

  • O presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, afirmou hoje contar com o compromisso do homólogo russo, Vladimir Putin, de, no caso de ocorrer uma agressão ocidental à Bielorrússia, a Rússia defender o país vizinho “como se fosse o seu próprio território”. Na reação ao acordo entre Minsk e Moscovo, o conselheiro da presidência ucraniana, Mykhailo Podolyak, ironizou: “É difícil imaginar um antílope pedir garantias de segurança na boca do crocodilo”, ironizou Mykhailo Podolyak;
  • A Rússia diz já ter 75% da cidade de Bakhmut sob controlo. A garantia foi dada por Denis Pushilin, o líder separatista da autoproclamada República de Donetsk. Oleksandr Syrskyi, comandante das forças armadas ucranianas, acusa a Rússia de estar a usar “táticas de terra queimada” semelhantes às da Síria na cidade do leste;
  • O governador ucraniano da região de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, acusou as forças russas de transformarem a cidade de Avdiivka, a cerca de 90km de Bakhmut, numa “ruína”, acrescentando ainda que, neste momento, restam menos de 2.000 pessoas numa cidade que, antes do início da invasão, albergava mais de 30.000;
  • A Rússia e Ucrânia anunciaram uma nova troca de mais de 200 prisioneiros de guerra. Ambas as partes referem que foram libertados 106 russos e 100 ucranianos como parte de uma negociação entre os dois lados do conflito, segundo a Sky News;
  • Volodymyr Zelensky quer falar ao telefone com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modo. A intenção do Presidente da Ucrânia foi revelada por Emine Dzhaparova, a ministra adjunta dos Negócios Estrangeiros, que chegou hoje a Nova Deli para uma visita oficial de 4 dias, a primeira de um responsável ucraniano à Índia desde o início da invasão;
  • A Rússia aumentou as exportações de gasóleo para vários países da América Latina, sobretudo para o Brasil, de acordo com os dados mais recentes. O fornecimento de gasóleo ao Brasil foi de 663 mil toneladas no período de janeiro a março de 2023, um valor quase 10 vezes maior àquele registado ao longo de todo o ano de 2022 — 74 mil toneladas;
  • Um novo estudo do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW na sigla inglesa) acusou a Rússia de encetar perseguições religiosas como parte de uma “campanha de genocídio cultural” para erradicar a identidade da Ucrânia.

O que se passou durante a manhã:

  • “A tendência para culpar a Rússia por tudo e mais alguma coisa tornou-se uma doença comum”, atirou Dmitrii Peskov, principal rosto da comunicação externa do Kremlin. Alguns têm levantado a hipótese de a divulgação dos documentos confidenciais ter tido mão russa, sobretudo porque surgem alguns números de soldados (russos) mortos que ficam abaixo dos cálculos mais consensuais. Mas o porta-voz do Kremlin recusa qualquer responsabilidade;
  • A Ucrânia teve de alterar parte da sua estratégia militar após a divulgação dos supostos documentos do Pentágono, que foram colocados na internet há várias semanas e foram noticiados nos últimos dias pela imprensa. Quem dá conta dessa alteração de estratégia é a norte-americana CNN, citando fonte próxima de Volodymyr Zelensky. Segundo a CNN, a administração liderada por Zelensky está muito incomodada pela divulgação dos documentos cuja autenticidade ainda não foi totalmente confirmada pelo Pentágono. Um dos documentos mostra a forma como os EUA têm vindo a espiar todos os movimentos do Presidente ucraniano;
  • Os documentos vazados do Pentágono continuam a trazer notícias. Avaliação dos EUA é que stocks de munições para os sistemas de defesa aérea ucraniana estão a esgotar-se e podem acabar até 3 de maio;
  • Oleksandr Syrskyi, comandante das forças armadas ucranianas, acusa a Rússia de estar a usar táticas de “terra queimada” em Bakhmut. “O inimigo mudou para as chamadas táticas de terra queimada da Síria. Está a destruir edifícios e posições de defesa com ataques aéreos e de artilharia”, afirmou o responsável, esta segunda-feira, segundo noticiou a agência Reuters;
  • O líder bielorrusso, Alexander Lukashenko, recebeu esta segunda-feira o ministro da Defesa da Rússia em Minsk, a capital do país. Este foi um encontro convocado por Lukashenko porque quis tentar obter garantias de que a Rússia irá defender a Bielorrússia “como se tratasse do seu próprio território” caso o país venha a ser alvo de alguma “agressão”;
  • Zelensky criticou a Rússia pelo ataque em Zaporíjia no Domingo de Páscoa, que matou pai e filha na própria casa, um edifício de apartamentos na cidade ucraniana. “É assim que o Estado terrorista passa o seu Domingo de Páscoa. É assim que a Rússia se coloca num isolamento cada vez maior em relação ao mundo e à Humanidade”, afirmou o Presidente ucraniano.

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