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Um interrogatório-chave levou a uma conta de Discord, cujos dados pessoais remeteram para um jovem militar do Massachusetts. O processo que levou à identificação do lusodescendente Jack Teixeira como o autor do leak de documentos confidenciais do Pentágono durou cerca de uma semana e foi detalhado num affidavit — um depoimento formal do FBI — divulgado esta sexta-feira por ocasião da primeira aparição do jovem de 21 anos em tribunal.
Teixeira, que está acusado de dois crimes — remoção não autorizada e transmissão de documentos e materiais secretos –, vai ficar em prisão preventiva a aguardar julgamento. Para a decisão do tribunal federal de Boston muito terá contribuído o depoimento do agente especial do FBI à frente da investigação. Patrick M. Lueckenhoff defendeu que há “causa provável” para acreditar que o jovem de 21 anos cometeu os crimes de que está acusado.
Entre as várias informações contidas no affidavit, fica explícito que Teixeira tinha acesso a informações confidenciais desde 2021, incluindo para documentos mais protegidos do que aqueles que acabaram por ser revelados. O militar de 21 anos, recorde-se, era até aqui membro da 102.ª Ala de Informação da Guarda Aérea Nacional do Massachusetts, sob a alçada da Força Aérea dos EUA.
A chave da investigação foi um interrogatório feito a 10 de abril a uma testemunha, identificada apenas como “utilizador 1”. Tratar-se-á de um dos membros do canal de Discord Thug Shaker Central (identificado no affidavit como “servidor 1”), onde Teixeira começou por divulgar as informações.
O “utilizador 1” referiu que o whistleblower que viria a ser identificado como Jack Teixeira era visto como o “líder” do canal, que servia sobretudo para discutir geopolítica mundial e história militar.
De acordo com o interrogatório, o jovem de 21 anos não partilhou logo os documentos. Em vez disso, Teixeira começou, num primeiro momento, por divulgar transcrições dos mesmos, escritas na própria base militar onde servia. Mais tarde, quando começou a temer ser apanhado, foi quando começou a levantar os documentos e a fotografá-los em casa.
O “utilizador 1” confirmou também aos investigadores que falou por diversas vezes com o suspeito, por telefone e por videochamada no Discord, e confirmou que, no decurso destas chamadas, este se apresentou como “Jack” e aparentava viver no Massachusetts.
Daqui, o FBI terá requisitado ao Discord as informações da conta suspeita de ter divulgado os documentos, incluindo dados de faturação referentes à administração do grupo, que revelaram um nome — Jack Teixeira — e uma morada em North Dighton, no Massachusetts, que correspondia à morada apresentada por Teixeira junto da Guarda Aérea Nacional.
Já na quinta-feira, o “utilizador 1” confirmou a identidade do militar lusodescendente ao FBI de forma pouco usual: identificou corretamente uma fotografia da carta de condução de Teixeira de um alinhamento que lhe foi mostrado pelos investigadores.
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