A ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, vai ser ouvida no parlamento sobre alegados atrasos na criação da escola de ciberdefesa no dia 7 de junho, foi esta terça-feira aprovado.

O requerimento apresentado pelo PSD pedia a audição da governante com caráter de urgência, exigência que acabou por ser retirada pelos sociais-democratas após sugestão do PS e da IL, tendo ficado decidido que o tema será discutido no mesmo dia da audição regimental já agendada para 7 de junho.

Também no dia 7, a pedido do gabinete da ministra da Defesa, segundo o presidente da comissão parlamentar, Marcos Perestrello, Helena Carreiras será ouvida a propósito da polémica que envolveu o navio Mondego, que falhou uma missão na costa da Madeira após a recusa de 13 militares em embarcar, alegando falta de condições. Sobre esta matéria, havia também um requerimento da IL que já tinha sido aprovado em março.

O pedido de audição do PSD é justificado com “notícias veiculadas na imprensa”, nomeadamente no Diário de Notícias, de que “a criação da Escola de Ciberdefesa irá sofrer um atraso preocupante” em virtude de o Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA) “ter decidido abrir um concurso público internacional”.

Na discussão, a deputada do PSD Cristiana Ferreira defendeu que, “para o PSD, esta situação reveste-se de enorme preocupação podendo afetar a credibilidade do Estado português junto dos seus parceiros internacionais e põe em causa o desenvolvimento no plano da ciberdefesa”.

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Pelo PS, o deputado Diogo Leão considerou que o requerimento em causa podia ter sido uma pergunta dirigida ao Governo, discordando do “caráter de urgência” da audição e defendendo que a situação não tem “a dimensão catastrófica” apresentada pelos sociais-democratas.

Pedro Pessanha, deputado do Chega, não quis colocar em causa “as preocupações do PSD” mas salientou: “Se cada vez que temos uma dúvida chamamos a ministra, a ministra deixa de ter tempo de tratar dos assuntos que lhe são próprios”, disse.

Pela Iniciativa Liberal, o líder parlamentar Rodrigo Saraiva mostrou-se favorável à audição, apesar de também sugerir que o caráter de urgência fosse retirado. Esta solução acabou por ser aprovada com as abstenções do PS e do Chega, e os votos favoráveis do PSD e da IL.

Após o debate, o presidente da comissão parlamentar de Defesa, o socialista Marcos Perestrello, pediu uma reflexão aos deputados.

“Insistia que os senhores deputados reflitam nisto: a facilidade com que se prime o gatilho a pedir a vinda dos membros do Governo à Assembleia pode às vezes colidir com as dificuldades da nossa capacidade de agendamento e até poder esvaziar as audições regimentais, que apesar de tudo, não são assim tão poucas”, salientou.

Antes, o deputado socialista pediu aos deputados que refletissem sobre o risco de as audições regimentais se poderem transformar “numa maratona” ou uma “jornada de dia inteiro”, ao serem acrescentados pontos, oriundos de outros requerimentos, à ordem de trabalhos.

No passado dia 3 de maio, na discussão da Lei de Programação Militar (LPM) e a Lei de Infraestruturas Militares (LIM), a ministra da Defesa respondeu ao PSD sobre este tema, dizendo: “Não creio que existam atrasos, e aqueles que existem são obviamente recuperáveis”.