Siga aqui o nosso liveblog sobre a guerra
A Hungria bloqueou desembolsos do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz (MEAP) para entregar munições às forças armadas ucranianas, por não concordar com este apoio e pela “atitude cada vez mais hostil da Ucrânia”.
Numa declaração em vídeo esta quarta-feira partilhada na sua conta na rede social Facebook, o chefe da diplomacia húngara, Péter Szijjártó, afirmou que Budapeste não aprovou o desembolso de uma nova verba, de 500 milhões de euros, porque “não concorda que a União Europeia [UE], que tem outros instrumentos, utilize o MEAP exclusivamente para a Ucrânia”.
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, tal desembolso “deixaria recursos insuficientes para promover os interesses da UE noutras regiões”, como nos Balcãs Ocidentais, na região do Sahel e no Norte de África, além de que “aumentaria o risco de escalada do conflito” na Ucrânia.
Além disso, Péter Szijjártó criticou aquela que classificou como “a atitude cada vez mais hostil da Ucrânia em relação à Hungria”, após a inclusão do banco húngaro OTP na lista negra elaborada pelas autoridades ucranianas para sancionar as empresas que apoiam a Rússia na invasão da Ucrânia.
De acordo com o chefe da diplomacia húngara, o país irá bloquear os desembolsos no âmbito do MEAP enquanto Kiev mantiver o OTP, o maior banco do país da Europa Central, na lista dos patrocinadores internacionais da guerra.
É necessária unanimidade entre os Estados-membros da UE, no Conselho, para aprovar a utilização destes fundos, cuja dotação inicial de 5,7 mil milhões de euros para o período 2021-27 foi aumentada recentemente em mais dois mil milhões.
Numa altura em que a Ucrânia prepara uma contraofensiva à Rússia, a interrupção destes pagamentos poderia dissuadir alguns países de continuar a fornecer armas ao país.
Até agora, a Hungria nunca tinha bloqueado a utilização deste mecanismo, para o qual também contribui financeiramente, apesar de não fornecer armas e munições à Ucrânia.
Na UE, o governo húngaro do ultranacionalista Viktor Orbán é considerado como aliado da Rússia, tendo vindo a criticar as sanções europeias aplicadas a Moscovo, apesar de aprovar os 10 pacotes já existentes.
Em meados de abril, o Conselho da UE adotou uma verba de mais mil milhões de euros ao abrigo do MEAP para entregar munições às Forças Armadas ucranianas, sendo que, contando com esta verba então aprovada com as sete parcelas anteriores, o total da contribuição ascendia a 4,6 mil milhões de euros.
O MEAP foi criado em 2021 para apoiar parceiros da UE nas áreas militar e da defesa, com o principal objetivo de prevenir os conflitos, preservar a paz e reforçar a segurança e a estabilidade internacionais.